Descrição de chapéu mudança climática África

Ativista egípcio Alaa Abd el-Fattah interrompe greve de fome, diz família

Decisão do preso político ocorre em meio à COP27

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Nafisa Eltahir
Cairo (Egito)

O preso político egípcio-britânico Alaa Abd el-Fattah disse à sua família que interrompeu a greve de fome que fazia há sete meses, disse sua irmã na terça-feira (15).

O ativista suspende um protesto que ofuscou a COP27, conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o clima realizada no Egito.

Alaa Abd el-Fattah se destacou no movimento Primavera Árabe, em 2010, que derrubou o presidente Hosni Mubarak. Ele se tornou um símbolo das dezenas de milhares de egípcios –de liberais a islâmicos– que foram visados em repressões posteriores.

Ativista egípcio Alaa Abd el-Fattah durante julgamento por insulto ao judiciário, em maio de 2015 - Khaled Desouki/AFP

Em greve de fome desde abril por causa de sua detenção e das condições na prisão, o ativista intensificou seu protesto dizendo que deixaria de beber água no início da conferência climática da ONU, realizada no balneário de Sharm el-Sheikh.

Vários líderes, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mencionaram seu caso ao presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, durante as negociações sobre o clima.

Em uma mensagem para sua mãe, divulgada nesta segunda (14), Alaa Abd el-Fattah disse que estava ansioso para vê-la em uma visita à prisão no fim desta semana.

"O importante é que eu quero comemorar meu aniversário com você na quinta-feira... Então traga um bolo, provisões normais", escreveu ele na nota compartilhada por sua irmã no Twitter. "Eu parei minha greve. Vou explicar tudo na quinta-feira."

Não ficou claro o que motivou sua decisão. Ele também disse na nota que recebeu uma pequena carta de sua mãe, bem como um dispositivo de música digital que pediu que ela enviasse.

Autoridades britânicas buscam há meses, sem sucesso, autorização consular para visitar o ativista, que está detido numa prisão a noroeste do Cairo.

Khaled Ali, advogado de Alaa Abd el-Fattah, , diz que foi impedido duas vezes por funcionários da prisão de visitar seu cliente na última semana, apesar de obter aprovação do Ministério Público do Egito em cada ocasião.

"O que aconteceu lá dentro? O que foi negociado?", disse a tia do ativista, a romancista Ahdaf Soueif, no Twitter. "Lembremos que Alaa não tinha ideia do tamanho do apoio que o cercava. Ele está sozinho, na prisão, sem nenhuma informação, exceto a que eles escolhem para lhe dar."

Em uma rara declaração oficial sobre o caso, o Ministério Público do Egito disse na semana passada que a condição de Abd el-Fattah era boa, logo depois que sua família relatou ter sido informada pelas autoridades prisionais de que uma intervenção médica havia sido realizada para sustentá-lo.

"Estamos contando os dias até quinta-feira [17] para descobrir o que está acontecendo dentro da prisão com Alaa", disse sua irmã Sanaa Seif.

Na segunda-feira, sua irmã disse que ele havia dito à família que tinha voltado a beber água —numa mensagem que, segundo ela, foi o primeiro sinal de vida em dias. Ele também disse na nota que estava recebendo atendimento médico e seus sinais vitais estavam bons.

Ativista proeminente durante a revolta de 2011 no Egito, Abd el-Fattah passou a maior parte da década seguinte na prisão, vítima da ampla repressão à dissidência política após a eleição do presidente Abdel Fattah al-Sisi, em 2014.

Um ano antes, al-Sisi, então chefe do Exército, liderou a derrubada militar do primeiro líder democraticamente eleito do Egito –o presidente Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana– após enormes protestos nacionais contra o governo de Mursi.

O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse após a reunião de Biden na sexta (11) que Washington estava fazendo tudo o que podia para garantir a liberdade de Abd el-Fattah, "assim como a libertação de vários outros prisioneiros políticos" no Egito.

O presidente Sisi disse que segurança e estabilidade são primordiais e negou que haja prisioneiros políticos no país.

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