As ondas de calor recorde que atingiram grandes áreas do sul e sudeste da Ásia em abril se tornaram "30 vezes mais prováveis" como resultado da mudança climática induzida pelo homem, disse uma equipe internacional de cientistas nesta quarta-feira (17).
A região registrou temperaturas superiores a 40ºC no mês passado, com Bangladesh no ponto mais quente em 50 anos, Tailândia registrando um recorde de 45°C e Laos superando 42°C, o que causou danos generalizados à infraestrutura e escassez de energia, bem como um aumento dos casos de derrame cerebral.
Uma equipe de cientistas do grupo World Weather Attribution estudou os níveis de calor e umidade em partes da Índia e Bangladesh, bem como na Tailândia e no Laos, e concluiu que estavam pelo menos 2°C mais quentes como resultado das mudanças climáticas. As temperaturas globais subiram em média 1,2°C desde 1900.
As ondas de calor úmido que costumavam ocorrer uma vez por século em Bangladesh e na Índia agora deverão acontecer a cada cinco anos, enquanto o calor na Tailândia e no Laos teria sido "virtualmente impossível" sem a mudança climática, disseram os cientistas.
"As ondas de calor não eram naturais", disse Chaya Vaddhanaphuti, membro da equipe da Universidade de Chiang Mai, na Tailândia, em entrevista coletiva na quarta.
"A menos que tomemos medidas drásticas para reduzir as emissões de carbono, ondas de calor como essa continuarão a se tornar mais comuns", disse ele.
O estudo mostrou que em algumas partes da região o índice de calor estimado —que leva em consideração a umidade— estava próximo do nível "extremamente perigoso" de 54°C, representando riscos consideráveis à saúde, em todo o sul e sudeste da Ásia.
Embora algumas partes da região tenham implementado "planos de ação contra o calor" para fornecer assistência médica de emergência e água ou fechar escolas, outras estão mal preparadas e têm acesso limitado aos recursos necessários para lidar com temperaturas extremas, afirmou.
Ainda não está claro quantas mortes resultaram das ondas de calor em abril, mas temperaturas extremas na Índia causaram pelo menos 24 mil mortes desde 1992, com 90% da área total do país situados em "zonas de perigo" de calor, disseram estudiosos no mês passado.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.