Descrição de chapéu mudança climática Rússia

A maior cratera de permafrost do mundo, na Rússia, ameaçada pelo aquecimento global

Cientistas estimam que o país esteja esquentando 2,5 vezes mais rápido do que o resto do mundo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Batagai (Rússia) | Reuters

Imagens impressionantes feitas por drones revelaram detalhes da cratera de Batagaika, uma fenda de um quilômetro de extensão no extremo oriente da Rússia que forma a maior cratera do mundo no permafrost —a camada de gelo que recobre a tundra siberiana.

O terreno na base da depressão é irregular, marcado por superfícies irregulares e pequenas colinas. O afundamento começou a se formar na décadas 1960, após o desmatamento da floresta que existia ao redor e o derretimento do permafrost subterrâneo, o que fez o solo ceder.

Vista aérea de paisagem com vegetação rasteira e enorme cratera onde o solo cedeu
Imagem de drone mostra vista aérea da cratera Batagaika, na Rússia, onde o derretimento do permafrost está fazendo com que o solo ceda - Reuters

"Nós, que moramos aqui, chamamos isso de 'desmoronamento'", disse o morador local e explorador de crateras Erel Struchkov à agência de notícia Reuters, enquanto estava na borda da cratera. "Ele se desenvolveu na década de 1970, primeiro como uma ravina. Depois, com o derretimento sob o calor dos dias ensolarados, começou a se expandir."

Cientistas afirmam que a Rússia está aquecendo pelo menos 2,5 vezes mais rápido do que o resto do mundo, derretendo a tundra congelada que cobre cerca de 65% do território do país e liberando gases de efeito estufa armazenados no solo descongelado.

O "portal para o submundo", como alguns moradores da República de Sakha, na Rússia, também o chamam, tem um nome científico: mega-slump (megadepressão, em tradução livre).

Embora possa atrair turistas, a expansão do declínio é "um sinal de perigo", disse Nikita Tananayev, pesquisador líder do Instituto de Permafrost Melnikov em Yakutsk. "No futuro, com o aumento das temperaturas e com maior pressão antropogênica, veremos cada vez mais desses mega-slumps se formando, até que todo o permafrost desapareça", disse Tananayev.

O degelo do permafrost já ameaçou cidades e vilas em toda a região norte e nordeste da Rússia, causando o afundamento de estradas, rachaduras em casas e interrupção de oleodutos. Incêndios florestais extensos, que se intensificaram nas últimas temporadas, agravam o problema.

Os moradores de Sakha têm observado o rápido crescimento da cratera. "Há dois anos, a borda estava cerca de 20 ou 30 metros distante daqui. E agora, aparentemente, está muito mais próxima", disse Struchkov.

Os cientistas não têm certeza da taxa exata com a qual cratera de Batagaika está se expandindo. Mas Tananayev diz que o solo abaixo da depressão, que tem cerca de 100 metros de profundidade em algumas áreas, contém uma "enorme quantidade" de carbono orgânico —que será liberado na atmosfera à medida que o permafrost derrete, alimentando ainda mais o aquecimento do planeta.

"Com o aumento da temperatura do ar, podemos esperar que [a cratera] se expanda a uma taxa mais rápida", disse ele. "Isso levará a um aquecimento climático cada vez maior nos próximos anos."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.