Espuma branca oriunda de poluição cobre área do rio Tietê no interior de SP

Material já foi visto outras vezes em Salto; sistema adequado de tratamento de esgoto pode ser solução

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São Paulo

Uma espuma branca foi registrada nesta quinta (6) no trecho da cidade de Salto (a 75 km de São Paulo) do rio Tietê. Em alguns pontos, a substância cobre todo o rio, não sendo possível observar a correnteza natural das águas.

O fenômeno não é uma novidade. Em julho de 2022, foi noticiado a mesma espuma branca cobrindo o rio também na região de Salto. Naquele momento, era a quarta vez que o material era visto considerando os dez meses anteriores.

Espuma branca cobre parte do rio Tietê na região de Salto, interior de São Paulo
Espuma branca cobre parte do rio Tietê na região de Salto, interior de São Paulo - Blog do Nelson Lisboa/Salto-SP

Ambientalistas explicaram que a espuma, frequente na parte do rio que corta Salto, é vista normalmente depois de uma estiagem prolongada. A formação se dá a partir de resíduos de materiais jogados no Tietê.

Em nota, a prefeitura da cidade disse que a espuma é causada pela poluição oriunda da região metropolitana de São Paulo. "Salto trata quase 100% do esgoto, mas, assim como todas as cidades do médio Tietê, recebe o rio em péssimas condições."

O município também afirmou que nesta época do ano, em que há menos chuva, é mais comum a formação da espuma. Isso faz sentido porque o rio fica menos cheio, fazendo com que poluentes como detergentes estejam mais concentrados na água. "É um problema grave que se arrasta há vários anos", completa a nota.

Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), além das corredeiras do rio e da redução das chuvas, contribuem para a formação de espumas as parcelas de esgoto urbano sem tratamento adequado e que provêm de cidades localizadas antes de Santos, na bacia do Alto Tietê.

A companhia acrescentou que o governo paulista tem trabalhado com municípios para universalizar a coleta e o tratamento dos esgotos domésticos, com impactos diretos nas condições do rio.

O problema poderia ser solucionado com a implantação de sistemas adequados de esgotamento sanitário, incluindo a coleta, afastamento, tratamento e disposição final dos esgotos domésticos. Chuvas também poderiam evitar a composição da espuma.

A poluição no Tietê ainda é um problema enfrentado pelo estado de São Paulo. Desde 1992, foi implementado o Projeto Tietê com investimento de ao menos US$ 3,4 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões, na cotação atual) desde então.

Embora ainda ocorram muitos problemas de poluição, houve alguns avanços.Um deles foi a mancha de poluição no rio. Na década de 1990, a extensão era de mais de 500 km. Em 2021, o índice caiu para cerca de 85 km. Um ano após, em 2022, subiu 43%, chegando a 122 km de área poluída no corpo d’água do rio.

Com 1.100 km de extensão, o Tietê corta o estado de São Paulo —nasce em Salesópolis e, correndo na direção contrária da serra do Mar, vai até Itapura, onde deságua no rio Paraná.

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