Descrição de chapéu Planeta em Transe

Seca na amazônia transforma lago de vila flutuante em lama

Há pouca água para beber e cozinhar, e negócios locais pararam

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Bruno Kelly
Manaus | Reuters

A vida está paralisada para uma vila flutuante, agora encalhada em planícies lamacentas formadas pela seca severa que atinge a região da floresta amazônica.

Principais meios de transporte, barcos a motor inclinam-se na lama, não mais trazendo peixes, frutas e legumes, nem levando turistas para ver o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, onde formam o rio Amazonas.

À medida que o lago Puraquequara secou, também evaporaram os negócios para os proprietários de barcos e lojas flutuantes atolados na lama.

Os moradores locais navegam no Lago Puraquequara em Manaus, Amazonas
Os moradores locais navegam no Lago Puraquequara em Manaus, Amazonas - Michael Dantas/AFP

"Nossas lojas não têm clientes. Estamos isolados, os barcos não podem entrar ou sair do lago", disse o morador local Isaac Rodrigues. "Estaremos aqui até que Deus nos envie água."

O governo federal disse na semana passada que prepara assistência emergencial aos habitantes da região amazônica, atingida pela seca recorde que drenou os rios —seu suporte de vida.

Assim como as enchentes na região Sul do Brasil, a seca na amazônia é resultado do fenômeno El Niño, que aquece as águas superficiais do Oceano Pacífico, dizem especialistas.

Alguns rios que atravessam a vasta floresta amazônica acumularam volumes de peixes mortos à medida que a seca foi piorando.

As carcaças de cerca de 120 botos foram encontradas flutuando em um afluente do rio Amazonas em circunstâncias que os especialistas suspeitam terem sido causadas por severa seca e calor.

As coisas pioraram tanto no lago Puraquequara que há pouca água para beber ou cozinhar. Ivalmir Silva passou um dia inteiro cavando um poço no lodaçal seco.

O lojista Otenísio de Lima disse, usando um chapéu de cowboy para se proteger do sol quente, que os pescadores não podem trazer o pescado. Produtos como as bananas e couves pararam de chegar, segundo ele.

"Tudo ficou muito difícil. As vendas caíram e há dias em que mal ganhamos o suficiente para viver", disse outro lojista, Raimundo Silva do Carmo, enquanto tomava banho com um balde de água retirado de um poço que cavou. "Vamos ver o que Deus faz por nós", disse.

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