Greta Thunberg é absolvida em julgamento por protesto em Londres

Sueca era acusada de desordem pública em manifestação; Justiça entendeu que polícia não deu regras claras para ativistas

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Reuters

A ativista climática Greta Thunberg foi absolvida nesta sexta-feira (2) da acusação de desordem pública por um protesto realizado em frente a uma conferência de petróleo e gás no ano passado em Londres. A Justiça inglesa decidiu que não é cabido que ela responda pelo episódio e que a polícia não tinha poder para prendê-la naquela situação.

Greta, que se tornou uma ativista conhecida em todo o mundo depois de realizar protestos semanais em frente ao parlamento sueco desde 2018, foi absolvida no Tribunal de Magistrados de Westminster da acusação sob a Lei de Ordem Pública.

Greta sorri
Greta Thunberg ri ao ingressar em tribunal em Londres durante intervalo do julgamento nesta sexta (2); ela e outros quatro ativistas acusados de desordem foram absolvidos - Daniel Leal/AFP

A sueca, de 21 anos, foi uma das dezenas de pessoas presas, em outubro de 2023, em frente a um hotel em Londres, onde o Energy Intelligence Forum reunia líderes da indústria de petróleo e gás.

Ela e outras quatro pessoas, com idades entre 19 e 59 anos, foram acusadas de não cumprir uma ordem da polícia para deslocar o protesto para uma área designada perto da conferência.

O juiz John Law, porém, decidiu que essa condição imposta ao protesto foi ilegal, porque a polícia poderia ter feito restrições menores ao grupo e porque as condições não estavam claras.

Além disso, ele entendeu que Greta não teve "um tempo razoável para cumprir" a ordem dada pelos policiais para que se deslocasse.

Greta e três homens jovens lado a lado; ela e um rapaz seguram cartazes
Greta Thunberg, ao lado de outros ativistas, segura cartaz com os dizeres 'Protesto climático não é um crime', durante seu julgamento em Londres nesta sexta (2) - Isabel Infantes/Reuters

"A evidência da acusação é insuficiente para que qualquer tribunal razoável possa condenar adequadamente [os réus]", disse Law, ao absolver os cinco ativistas, sob aplausos e comemorações da galeria lotada pelo público que foi assistir à sessão.

Dirigindo-se aos cinco réus, ele acrescentou: "Todos vocês são considerados inocentes dessa acusação". Thunberg e seus quatro outros ativistas se abraçaram antes de deixar o tribunal.

O julgamento durou dois dias. Na quinta-feira (1º), ao rebater as acusações, Greta disse que é preciso identificar o "verdadeiro inimigo" do meio ambiente.

"Ativistas ambientais são processados em todo o mundo por atuarem de acordo com sua consciência. Temos que relembrar quem é o verdadeiro inimigo", afirmou ao deixar o Tribunal de Magistrados de Westminster, no centro da capital britânica.

Ao todo, 26 pessoas foram detidas na ocasião e estão sendo processadas pelo mesmo motivo.

A punição prevista é uma multa de até 2.500 libras (R$ 15,7 mil na cotação atual).

"Atrás dessas portas fechadas (...), políticos sem escrúpulos fazem acordos com lobistas do destrutivo setor de combustíveis fósseis", Greta afirmou em 17 de outubro, antes de ser detida e levada em uma van da polícia.

Mais tarde, foi libertada sob fiança e, no dia seguinte participou, de outro protesto em frente ao mesmo hotel.

O governo britânico concedeu, depois dessas manifestações, várias novas licenças para exploração de petróleo e gás, alegando a necessaridade de fortalecer a independência energética do país —uma das prioridades do primeiro-ministro conservador Rishi Sunak.

O órgão independente encarregado de aconselhar o governo britânico sobre sua estratégia climática expressou, na segunda-feira (29), preocupação com o fato de o país transmitir "mensagens contraditórias" que desestabilizam sua influência internacional no assunto.

Várias medidas de Londres causaram indignação entre as organizações ambientalistas, que entraram com recursos legais e intensificaram suas ações, como o movimento Just Stop Oil, cujos militantes frequentemente organizam marchas pacíficas na capital britânica. Como resposta, o governo endureceu a legislação para impedir mais atos.

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