Greta Thunberg é julgada em Londres por desobedecer à polícia

Ativista pode receber multa de até R$ 15,7 mil por episódio em protesto de outubro de 2023

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Pablo San Roman
AFP

A ativista ambiental sueca Greta Thunberg fez um apelo, nesta quinta-feira (1º), à identificação do "verdadeiro inimigo" do meio ambiente, ao fim do primeiro dia de seu julgamento em Londres por "perturbação da ordem pública" durante uma manifestação em outubro.

"Ativistas ambientais são processados em todo o mundo por atuarem de acordo com sua consciência. Temos que relembrar quem é o verdadeiro inimigo", disse Greta, de 21 anos, ao deixar o Tribunal de Magistrados de Westminster, no centro da capital britânica.

Greta andando na rua ao lado de outras pessoas
Greta Thunberg deixa o tribunal em Londres onde foi ouvida nesta quinta (1°) - Henry Nicholls/AFP

Durante a audiência, a primeira de um julgamento de dois dias, o promotor Luke Staton afirmou que a ativista perturbou a determinação pública de não bloquear as ruas durante um protesto contra o Energy Intelligence Forum, que ocorria em um hotel no distrito de Mayfair, em Londres, onde estavam os diretores das principais companhias de gás e petróleo.

"Ela disse que ficaria onde estava e, por isso, foi presa", explicou Staton.

Em uma audiência preliminar em novembro, em outro tribunal londrino, a ativista se declarou inocente.

A jovem sueca, que ficou mundialmente conhecida por suas greves escolares pelo clima, iniciadas quando ela tinha 15 anos, pode receber uma multa de até 2.500 libras (R$ 15,7 mil na cotação atual).

Ao todo, 26 pessoas, incluindo Greta, estão sendo processadas pelo mesmo motivo. Todas foram detidas no mesmo protesto.

Nesta quinta-feira, a jovem não escondeu um sorriso irônico quando o promotor Staton explicou que os acusados protestaram justamente quando os principais atores do setor de petróleo e gás estavam "discutindo e debatendo" como desenvolver "soluções sustentáveis" para a energia.

'Mensagens contraditórias'

Ao chegar ao tribunal, os ativistas processados foram recebidos por apoiadores de organizações ambientalistas, que parabenizaram Greta, erguendo cartazes com frases como "Londres livre dos combustíveis fósseis" e "O protesto climático não é um crime".

Maja Darlington, umilitante do Greenpeace no Reino Unido, disse que os ativistas estavam sendo julgados "por protestar pacificamente", enquanto os executivos do petróleo estavam "comemorando ganhar bilhões com a venda de combustíveis fósseis que destroem o clima".

"Atrás dessas portas fechadas (...), políticos sem escrúpulos fazem acordos com lobistas do destrutivo setor de combustíveis fósseis", Greta afirmou em 17 de outubro, antes de ser detida e levada em uma van da polícia.

Mais tarde, foi libertada sob fiança e, no dia seguinte participou, de outro protesto em frente ao mesmo hotel.

O governo britânico concedeu, depois dessas manifestações, várias novas licenças para exploração de petróleo e gás, alegando a necessaridade de fortalecer a independência energética do país —uma das prioridades do primeiro-ministro conservador Rishi Sunak.

O órgão independente encarregado de aconselhar o governo britânico sobre sua estratégia climática expressou, na segunda-feira (29), preocupação com o fato de o país transmitir "mensagens contraditórias" que desestabilizam sua influência internacional no assunto.

Várias medidas de Londres causaram indignação entre as organizações ambientalistas, que entraram com recursos legais e intensificaram suas ações, como o movimento Just Stop Oil, cujos militantes frequentemente organizam marchas pacíficas na capital britânica. Como resposta, o governo endureceu a legislação para impedir mais atos.

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