Descrição de chapéu Planeta em Transe

Volume mundial de lixo deve crescer 60% até 2050, alerta ONU

Pelo ritmo atual, resíduos vão chegar 3,8 bilhões de toneladas anuais até meados do século

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Catherine Hours
AFP

O volume de resíduos no mundo, que atingiu 2,3 bilhões de toneladas em 2023, poderá aumentar em mais de 60% em 2050 e provocar graves impactos na saúde e na economia, alertou a ONU nesta quarta-feira (28).

Seguindo o ritmo atual, os resíduos (excluindo os industriais e de construção) devem atingir 3,8 bilhões de toneladas anuais até meados deste século, excedendo as previsões de um relatório anterior do Banco Mundial.

Catadores perto de caminhão que despeja lixo em um aterro repleto de materiais
Catadores separam lixo em aterro sanitário em Águas Lindas (GO) - Gabriela Biló - 27.abr.2022/Folhapress

A crise será especialmente aguda nos países que utilizam métodos poluentes para tratar resíduos, como aterros sanitários ou incineração a céu aberto, que resultam na poluição do solo e na emissão de gases de efeito estufa, como o metano, ou gases poluentes, como o carbono negro.

"Apesar dos esforços, pouco mudou", indica o novo relatório, elaborado pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).

"A humanidade até retrocedeu, gerando mais resíduos", indica o documento. "Há bilhões de pessoas que não dispõem de um sistema de coleta dos seus resíduos."

Nos países ricos, o essencial é coletado, mas nos de baixa renda a taxa é inferior a 40%.

Atualmente, entre 400 mil e um milhão de pessoas morrem todos os anos de doenças relacionadas à má gestão de resíduos, como diarreia, malária, câncer ou doenças cardiovasculares, destaca o Pnuma.

O relatório foi publicado na sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada nesta semana em Nairóbi, capital do Quênia.

Os resíduos espalham agentes patogênicos, metais pesados e outros desreguladores endócrinos no solo e nas águas subterrâneas durante um longo período de tempo, e a sua combustão ao ar livre liberta poluentes persistentes na atmosfera.

Acredita-se que os resíduos orgânicos que se decompõem em aterros sanitários sejam responsáveis por 20% das emissões humanas de metano, o gás que gera o maior aquecimento entre todos com efeito estufa.

Oportunidades

Se medidas não forem tomadas, o custo direto e indireto dos resíduos no mundo pode quase duplicar, chegando a US$ 640 bilhões (cerca de R$ 3,1 trilhões) anuais até 2050, estima o novo relatório.

Em 2020, o custo direto do tratamento de resíduos foi estimado em US$ 252 bilhões de dólares (R$ 1,3 trilhão na cotação da época), ou US$ 361 bilhões de dólares (R$ 1,8 trilhão) se inclusos os custos indiretos relacionados com a poluição gerada por instalações ou métodos de gestão inadequados.

Por isso, é "urgente" iniciar uma "redução drástica dos resíduos" e investir na economia circular, alerta o órgão da ONU.

"Muitas economias em rápido desenvolvimento lutam com o peso crescente dos resíduos", afirma a diretora do Pnuma, Inger Andersen, destacando o papel fundamental dos atores públicos e privados que podem encontrar "oportunidades para criar sociedades mais sustentáveis".

Manter os resíduos "sob controle", ela diz, especialmente por meio de métodos melhores de tratamento, poderia limitar o custo líquido anual em US$ 270 bilhões (R$ 1,3 trilhão, pela cotação atual) até 2050.

Mas é possível ir mais longe, avançando para uma verdadeira economia circular, melhores práticas industriais e uma gestão abrangente de resíduos, o que poderia gerar, inclusive, um lucro líquido de mais de US$ 100 bilhões por ano (aproximadamente R$ 495 bilhões), defende também o relatório.

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