Porta-aviões inicia retorno ao Brasil após ser barrado na Turquia por questões ambientais
Embarcação é acusada de exportação irregular de resíduos tóxicos; compradora nega
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A empresa turca Sök Denizcilik determinou o retorno do porta-aviões São Paulo ao Rio de Janeiro, em cumprimento a determinações dos governos do Brasil e da Turquia. A embarcação é acusada por organizações ambientalistas de exportação irregular de resíduos tóxicos.
O navio foi comprado da Marinha brasileira e estava a caminho de um estaleiro na Turquia para desmanche. No fim de agosto, a Turquia suspendeu autorização para receber a embarcação. Logo depois, o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) cancelou a autorização de exportação.
Nesta sexta-feira (9), a embarcação estava em frente ao litoral do Marrocos, onde passou os últimos dias à espera de uma definição sobre seu destino. Mas já navegava rumo ao Brasil. "Instruímos a empresa que faz o reboque do São Paulo a retornar ao Brasil", afirmou a Sök, em comunicado.
A empresa nega que tenha descumprido regras da Convenção de Basileia que tratam de exportação de resíduos tóxicos mas reconhece que pode ter atrasado a entrega de documentos relativos às inspeções na embarcação. A decisão de retornar ao Brasil, diz, obedece à determinação do Ibama.
O porta-aviões São Paulo foi vendido em 2021 por R$ 10,5 milhões. Era o maior navio de guerra brasileiro, com 31 mil toneladas, 266 metros de comprimento e capacidade para até 40 aeronaves. Seu armamento era composto por três lançadores duplos de mísseis e metralhadoras de grosso calibre.
Sua exportação à Turquia foi questionada por organizações ambientalistas sob o argumento de que a inspeção para analisar a quantidade de resíduos tóxicos era falha ao apontar menos de dez toneladas de amianto, enquanto um porta-aviões da mesma classe, o Clemenceau, tinha cerca de 760 toneladas.
No comunicado, a Sök nega que o São Paulo carregue esse volume de amianto, um produto que causa doenças como câncer e asbestose, uma doença ocupacional que ataca os pulmões. E diz que realizou uma segunda inspeção, conforme determinado pelas autoridades.
"Trabalhamos com as melhores companhias do setor em cada detalhe para evitar quaisquer dúvidas", afirmou. "Contudo, acreditamos que o único ponto em que podemos estar errados foi na demora em compartilhar informações e atualizações sobre o projeto com o público."
Segundo especialistas, além de detalhar a quantidade de amianto a bordo, a empresa deveria informar os países em cujas águas o porta-aviões navegaria em sua viagem à Turquia. A Abrea (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto) defende que o amianto seja inventariado e retirado no Brasil, sob supervisão de instituições públicas.
A viagem do navio vem sendo acompanhada em tempo real pelo Greenpeace e foi alvo de protestos na Turquia e de uma proibição de passagem pela costa de Gibraltar, território britânico no estreito que dá acesso ao Mar Mediterrâneo. Sua chegada ao Brasil está prevista para o dia 2 de outubro.
A Folha tenta falar com a Marinha por telefone e por e-mail desde o fim de agosto, quando publicou a primeira reportagem sobre o tema, mas não obteve retorno.
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