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ONGs criticam COP30 no Brasil em meio a pressão por petróleo na Foz do Amazonas

Em preparação na Alemanha para a COP28, organizações pediram proteção a defensores de direitos humanos

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São Paulo

Representantes de ONGs criticaram os riscos da realização no Brasil da COP30, conferência de mudanças climáticas da ONU, em meio ao embate sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

Além da apontada incoerência entre o projeto e um encontro para negociar como será feita a redução de emissões de gases prevista no Acordo de Paris, as organizações também citaram reveses ambientais e de direitos do país, como o marco temporal de terras indígenas e o enfraquecimento das pastas de Meio Ambiente e Povos Indígenas no governo Lula (PT).

As declarações foram feitas em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (9), em Bonn, na Alemanha, onde ocorre a preparação para COP28, que começa no fim de novembro, nos Emirados Árabes.

Manifestantes protestam contra combustíveis fósseis em Bonn, na Alemanha, onde acontece a preparação para a COP28 - Riham Alkousaa - 7.jun.23/Reuters

As representantes também criticaram uma carta divulgada por governadores de estados da Amazônia Legal, com exceção de Rondônia, na qual os mandatários, incluindo Helder Barbalho (MDB), que deve receber a COP30 no Pará, defendem a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

No documento, eles argumentam que a negativa da pesquisa e de uma futura produção de petróleo na região, chamada de margem equatorial brasileira, a 500 km da costa, afeta os interesses da população e os benefícios para a floresta, além de criar empecilhos para a transição energética no país.

Barbalho, do Pará, tem defendido critérios técnicos para a questão. "Eu não posso enquadrar defesa de ciência e pesquisa quando é conveniente, e quando não é eu viro a página", afirmou, em um evento de sustentabilidade na Amazônia em maio.

"O que eu defendo: que o Ibama permita que a Petrobras possa pesquisar. A partir daí estabeleça, nos critérios ambientalmente corretos, qual a metodologia e mecanismo que pode ser feita a exploração com o menor impacto possível".

"Oito dos nove governadores defendem a exploração. Ao mesmo tempo, o governador do Pará quer trazer a COP30 para Belém. Já estamos tendo problemas com o lobby do petróleo, distribuindo desinformação e ameaçando lideranças", afirmou Hannah Baliero, diretora-executiva do Instituto Mapinguari, do Amapá.

Para ela, o projeto não significa a transição energética por aumentar emissões e prometer benefícios enquanto o país precisa discutir meios de reduzir a produção de óleo e gás. "Não é transição quando, mais uma vez, a população da Amazônia vai pagar caro por isso."

Segundo Tatiana Oliveira, representante do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) nas negociações de preparação da COP deste ano, instrumentos como o mercado de carbono não não suficientes para lidar com as mudanças climáticas no país, que incluem a proteção de defensores de direitos humanos.

"É importante termos este espaço para pedir que a delegação brasileira lide diretamente com este tema", afirmou. "O que sabemos que funciona é manter os direitos dos indígenas à terra, porque vivem e trabalham integrados com a natureza", afirmou."

Helena Spiritus, que coordena a área de transição de óleo e gás do WWF, seguiu na mesma linha. "Quem lida com meio ambiente e direitos humanos enfrenta esses problemas. Um ótimo caminho para o governo brasileiro lidar com isso é tentar ouvir. Ouvir indígenas, populações tradicionais e a ciência, como o IPCC [Intergovernmental Panel on Climate Change], que estão dizendo que a era de exploração de óleo e gás acabou."

As decisões que o Brasil vai tomar agora, segundo Claudio Angelo, coordenador de comunicação e política climática do Observatório do Clima, vai definir o quanto o país vai precisar de desgastar no futuro.

"Mudança climática é questão de direitos humanos, não se dissociam. Entendo que se pode perder visão disso num lugar como este, porque a agenda aumentou e há muitas questões", disse.

"Mas há três coisas que podemos fazer sobre mudança climática. Mitigar, adaptar e sofrer. E, neste momento, estamos no caminho para adaptação e sofrimento."

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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