Volume mundial de lixo deve crescer 60% até 2050, alerta ONU
Pelo ritmo atual, resíduos vão chegar 3,8 bilhões de toneladas anuais até meados do século
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O volume de resíduos no mundo, que atingiu 2,3 bilhões de toneladas em 2023, poderá aumentar em mais de 60% em 2050 e provocar graves impactos na saúde e na economia, alertou a ONU nesta quarta-feira (28).
Seguindo o ritmo atual, os resíduos (excluindo os industriais e de construção) devem atingir 3,8 bilhões de toneladas anuais até meados deste século, excedendo as previsões de um relatório anterior do Banco Mundial.
A crise será especialmente aguda nos países que utilizam métodos poluentes para tratar resíduos, como aterros sanitários ou incineração a céu aberto, que resultam na poluição do solo e na emissão de gases de efeito estufa, como o metano, ou gases poluentes, como o carbono negro.
"Apesar dos esforços, pouco mudou", indica o novo relatório, elaborado pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
"A humanidade até retrocedeu, gerando mais resíduos", indica o documento. "Há bilhões de pessoas que não dispõem de um sistema de coleta dos seus resíduos."
Nos países ricos, o essencial é coletado, mas nos de baixa renda a taxa é inferior a 40%.
Atualmente, entre 400 mil e um milhão de pessoas morrem todos os anos de doenças relacionadas à má gestão de resíduos, como diarreia, malária, câncer ou doenças cardiovasculares, destaca o Pnuma.
O relatório foi publicado na sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada nesta semana em Nairóbi, capital do Quênia.
Os resíduos espalham agentes patogênicos, metais pesados e outros desreguladores endócrinos no solo e nas águas subterrâneas durante um longo período de tempo, e a sua combustão ao ar livre liberta poluentes persistentes na atmosfera.
Acredita-se que os resíduos orgânicos que se decompõem em aterros sanitários sejam responsáveis por 20% das emissões humanas de metano, o gás que gera o maior aquecimento entre todos com efeito estufa.
Oportunidades
Se medidas não forem tomadas, o custo direto e indireto dos resíduos no mundo pode quase duplicar, chegando a US$ 640 bilhões (cerca de R$ 3,1 trilhões) anuais até 2050, estima o novo relatório.
Em 2020, o custo direto do tratamento de resíduos foi estimado em US$ 252 bilhões de dólares (R$ 1,3 trilhão na cotação da época), ou US$ 361 bilhões de dólares (R$ 1,8 trilhão) se inclusos os custos indiretos relacionados com a poluição gerada por instalações ou métodos de gestão inadequados.
Por isso, é "urgente" iniciar uma "redução drástica dos resíduos" e investir na economia circular, alerta o órgão da ONU.
"Muitas economias em rápido desenvolvimento lutam com o peso crescente dos resíduos", afirma a diretora do Pnuma, Inger Andersen, destacando o papel fundamental dos atores públicos e privados que podem encontrar "oportunidades para criar sociedades mais sustentáveis".
Manter os resíduos "sob controle", ela diz, especialmente por meio de métodos melhores de tratamento, poderia limitar o custo líquido anual em US$ 270 bilhões (R$ 1,3 trilhão, pela cotação atual) até 2050.
Mas é possível ir mais longe, avançando para uma verdadeira economia circular, melhores práticas industriais e uma gestão abrangente de resíduos, o que poderia gerar, inclusive, um lucro líquido de mais de US$ 100 bilhões por ano (aproximadamente R$ 495 bilhões), defende também o relatório.
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