Folha percorre quase 3.000 km no coração do cerrado em série sobre desmatamento
Reportagens mostram os impactos do desmate no bioma considerado a 'caixa-d'água' do Brasil
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Enquanto os olhos, em especial os estrangeiros, estão direcionados para a amazônia, o desmatamento não para de crescer em outra região: o cerrado.
Em 2023, o desmate no bioma (que ocupa aproximadamente 24% do território nacional) superou o registrado na floresta amazônica (que cobre cerca de metade do país), algo que não acontecia desde 2017.
O epicentro desse avanço é o chamado Matopiba, onde se encontram os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia —e para onde foi a reportagem da Folha, para mostrar as causas e os impactos profundos dessa alteração na paisagem. A região concentrou mais de 70% dos 11 mil km² de vegetação nativa perdidos no cerrado no ano passado, segundo dados oficiais do Inpe (Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais).
Em março, ao longo de 12 dias, a repórter Jéssica Maes e o repórter fotográfico Lalo de Almeida visitaram seis municípios, rodaram 2.850 km em estradas ladeadas por plantações de soja, milho e algodão, e realizaram um total de mais de 30 entrevistas, antes, durante e após a viagem.
O resultado desta apuração começa a ser publicado, nesta quinta-feira (25), na série "Cerrado Loteado". Em quatro capítulos, as reportagens explicam como o avanço do agronegócio sobre a vegetação nativa encurrala comunidades, influencia o clima e ameaça a segurança hídrica da região e do restante do país.
Considerado por especialistas a 'caixa-d'água' do Brasil, o cerrado abriga 8 das 12 bacias hidrográficas do país e é considerada a savana mais biodiversa do mundo. Além disso, é a casa de diferentes populações tradicionais, que dependem desse ecossistema e são pressionadas diariamente pelo avanço da destruição.
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