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Igualdade de gênero é pior em física, matemática e cirurgia, diz estudo

Pesquisadores analisaram 36 milhões de autores de estudos e mais de nove milhões de artigos

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São Paulo

No ritmo atual, serão necessários 258 anos para que se chegue a algo próximo da igualdade de gênero no campo da física, pelo menos no que diz respeito às posições de chefia. A disciplina, assim como a ciência da computação, a matemática e a química são as que têm menos mulheres, afirma estudo.

Mulher coloca brincos em formato da estrutura de um átomo para participar da marcha para ciência em Washington, nos EUA - Andrew Caballero-Renolds/AFP

Em pesquisa publicada nesta quinta (19) na revista Plos Biology, cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, usaram bases de dados da PubMed e da arXiv, duas grandes bibliotecas de artigos acadêmicos de revistas científicas para analisar a igualdade de gênero nas chamadas Stemm (sigla em inglês para ciência, tecnologia, tecnologia, engenharia, matemática e medicina).

A equipe de pesquisa desenvolveu um programa de computador que conseguia diferenciar, com taxa de acerto de 99,7%, nomes femininos e masculinos e o alimentou com mais de 36 milhões de nomes de autores referentes a mais de nove milhões de artigos publicados. De forma geral, entraram no estudo artigos publicados desde 1991.

Em 87 das 115 disciplinas analisadas a partir de estudos publicados, a porcentagem de autoras é significativamente menor que 45%. Em cinco disciplinas, essa porcentagem era maior que 55% e nas 23 restantes a taxa estava dentro de 5% de diferença entre homens e mulheres.

Se áreas como física, química e matemática são as que têm mais homens, áreas relacionadas à saúde, como enfermagem, obstetrícia e cuidados paliativos, são as que mais têm mulheres.

A partir dos dados coletados, os pesquisadores conseguiram analisar a questão de gênero entre as revistas mais prestigiadas, como Nature e BMJ, e as de acesso aberto. Em geral, há menos autoras em periódicos de maior prestígio e mais nos de acesso livre —como a Plos Biology.

A explicação para isso não é simples, mas pode haver preconceito de gênero na revisão por pares e nos convites para submissão de estudos —os cientistas estimaram, a partir dos dados, que um homem tem cerca de duas vezes mais chance de ser convidado para submeter sua pesquisa.

"Isso sugere a necessidade de escrutinar as práticas editoriais, eleger mulheres editoras e implementar objetivos de gênero quando se usa o expediente de convite para publicação", dizem os autores.

Caso você esteja se perguntando, o estudo tem duas autoras —pesquisadoras seniores, citadas como últimos nomes nos créditos— e um pesquisador homem, citado como primeiro autor.

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