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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Descrição de chapéu

Uma breja na padoca

Gírias de São Paulo invadem o Rio

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Você sabe o que é berimbolar? E memeia? São palavras que aparecem no livro de contos “O Sol na Cabeça”, de Geovani Martins. Fora de contexto, precisam de tradução. O autor explicou à repórter Camila Zarur, da revista piauí, que a primeira indica confusão ou problema; a segunda é uma frescura qualquer.

O uso de gírias na literatura é um risco, ainda mais quando tão específicas, colhidas na vivência de Martins em favelas da zona sul carioca. O relato pode datar rapidamente, na mesma velocidade em que a expressão desaparece como código restrito a pequenos grupos. Mas, se usado na dose certa, pode conferir vida permanente ao texto. Recurso que dá a impressão de que o narrado está sempre acontecendo, não importa a época. 

Marques Rebelo realizou isso plenamente desde o título de seu romance “Marafa” (vida desregrada, libertina). Não havia como contar de outra maneira uma história passada na zona, entre putas, pugilistas, fuzileiros navais, mocinhas suburbanas. Na novela “Desabrigo”, Antônio Fraga constrói uma linguagem e um glossário do Mangue: mosquear é ficar sem fazer nada e trela, uma conversa fiada. 

Maior cronista do Rio nos anos 1920, Orestes Barbosa tinha seu próprio “argot”. Nele, branca é uma navalha e nobre, um ladrão que não mata. Em suas andanças em busca de inspiração na vida real dos personagens, o escritor João Antônio elaborou um vocabulário das ruas anotado em guardanapos: giz ou crivo (cigarro), caneta (perna de mulher), óleo ou gás (dinheiro).

O autor de “Meninão do Caixote”, que viveu entre São Paulo e Rio, ficaria surpreso em saber que gírias paulistas nunca fizeram tanto sucesso entre cariocas como agora. Reportagem de Gilberto Porcidonio no jornal O Globo mostra que, impulsionadas pelas redes sociais, expressões como daora, sussa, sensa, treta, breja, padoca, baita e feijuca invadiram as praias. E aí, mermão? 

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