Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
A ficção dos presidentes
Depois do best-seller de Bill Clinton e James Patterson, que tal um livro de Lula e Paulo Coelho?
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O carimbo “confidencial” em letras vermelhas impressionou o porteiro, que veio correndo me entregar em mãos o envelope. Com a recente revelação de documentos secretos da CIA sobre os horrores da ditadura militar brasileira, nunca se sabe. Mas era apenas um livro, com título típico de best-seller: “O Dia em que o Presidente Desapareceu”. Mais um thriller de espionagem, pensei, cuja trama mistura cyberterrorismo e um perigoso traidor dentro da Casa Branca, a qual aparece iluminada na capa.
Mas, ao notar a assinatura dos autores, tomei um susto: Bill Clinton e James Patterson. Quando o escritor que mais fatura no mercado editorial —com 375 milhões de exemplares vendidos— se alia ao ex-presidente dos Estados Unidos, o homem das saliências no Salão Oval, aí, sim, estamos falando de um verdadeiro arrasa-quarteirão. Com lançamento mundial na segunda (4), o livro, entre nós editado pela Record, já ocupa o topo de todas as listas.
O material é dinamite. Logo nas primeiras páginas, o narrador afirma: “A brutalidade na luta pelo poder é mais antiga que a Bíblia, mas alguns dos meus adversários de fato me odeiam com todas as forças. Eles não querem só me tirar do cargo. Não vão ficar satisfeitos se eu não for condenado e arrastado para a prisão, esquartejado e apagado dos livros de história”.
O palpite é que no Brasil já vivemos essa situação, mas ainda não temos o nosso livro. Que tal juntar Paulo Coelho a Lula, que, segundo sua assessoria, nos últimos tempos tem se revelado um leitor voraz? Se eu fosse eles, evitaria as memórias de cárcere ou a evocação de magia negra com sapos e jararacas e seguiria a linha das profecias insólitas para as próximas eleições.
Se der certo, podemos aguardar novas duplas: Collor e Marcelo Mirisola, FHC e Augusto Cury, Dilma e Zíbia Gasparetto (edição psicografada). Com Sarney e Temer, nem pensar. É encalhe certo.
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