Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
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Novos desafios

As razões de Zidane e Parente para pendurar as chuteiras

 

Na semana passada Zinédine Zidane surpreendeu o mundo ao anunciar que não era mais técnico do Real Madrid. No dia seguinte, não se sabe se inspirado pelo craque francês, Pedro Parente deixou a presidência da Petrobras. A galera do Real, no embalo da recente conquista da Liga dos Campeões, aceitou na boa a decisão. Já os torcedores da Petrobras, de todas as cores e facções, aproveitaram a crise, detonada pela paralisação dos caminhoneiros, para arrumar mais briga e confusão. Em time que está perdendo, ninguém se entende.

Comandar o clube milionário, em que uma derrota normal é encarada como vexame, não é para qualquer um —Vanderlei Luxemburgo que o diga. Bom malandro sabe deixar saudade, e Zizou saiu por cima. 

Em 13 competições oficiais como treinador, o carrasco do Brasil na Copa de 1998 ganhou nove, entre as quais três Champions, dois Mundiais de Clubes e um Campeonato Espanhol. Uma taça a cada três meses, retrospecto que lhe abre as portas da seleção francesa no futuro ou, segundo se especula, um contrato de € 50 milhões por ano para atuar no Qatar até 2022, com status de técnico mais bem pago do planeta.

Pendurar chuteiras é sempre complicado. Quando não é o dinheiro, é a cabeça que não sabe o momento de parar. O caso mais notável, ao qual João Saldanha sempre se referia em suas crônicas esportivas, é o de Rocky Marciano, um peso-pesado imbatível na história do boxe. Seu cartel é impressionante: 43 nocautes em 49 vitórias. Aos 32 anos, o campeão garantiu que não pisaria mais num ringue, atendendo a apelos da família. Para Saldanha, a história era outra: ele estava simplesmente cansado e, esperto, resolveu encerrar a carreira no auge.

Certo ou errado em sua política de preços, Pedro Parente partiu para enfrentar novos desafios, como se diz nos emails de despedida do emprego. A razão também é simples: o governo Temer acabou. 

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