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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Meninas decretadas

Está na hora de Sergio Moro se comportar como ministro da Justiça

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No mundo cor de rosa e pastoral é assim: a tentativa de impedir a gravidez na adolescência levou o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos a criar um programa que estimule jovens a não fazer sexo ou adiar o início da vida sexual. Trata-se de "outro caminho" para combater o grave problema, com base no comportamento de jovens cristãos, que devem esperar o casamento para ter relações. A iniciativa do governo abdica da educação sexual e do estímulo à oferta e ao uso de preservativos, já que estes "não apresentam 100% de eficácia". A ministra Damares —diga-se em favor dela— não propôs o uso de cintos de castidade.

Na vida como ela é a coisa está assim: reportagem de Thaiza Pauluze, publicada domingo (5) na Folha, mostrou a situação das "meninas decretadas" de Fortaleza. Uma onda de assassinatos de adolescentes cometidos por facções criminosas, cuja ação é anunciada na internet com xingamentos: marmitinha, vagabunda, safada, pirangueira. 

Algumas das postagens indicam que a morte deve ser "sem massagem", isto é, com tortura: os cabelos são raspados, os seios cortados. Há estupro. Os corpos das vítimas são expostos antes e depois em perfis anônimos do Facebook, a rede social que incentiva fazer amigos. Mais de cem adolescentes do sexo feminino, entre 10 e 19 anos, foram assassinadas no Ceará em 2018, um aumento de 43% na comparação com o ano anterior.

A visão do presidente. Numa live, ele se referiu dessa maneira aos nascidos no estado em que as meninas estão sendo torturadas e mortas: "Quase todo cearense é cabeçudo".

A cabeça do brasileiro pensa assim: segundo recente pesquisa Datafolha, Sergio Moro tem a melhor avaliação no quesito confiança entre 12 personalidades envolvidas com política —à frente de Bolsonaro e Lula. Diante da barbárie no Brasil, está na hora de Moro se comportar como ministro da Justiça.

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