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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Como fazer política no Brasil de Bolsonaro

Ir preso é garantia de sucesso nas urnas

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Quanto mais atos infames e criminosos, melhor. É assim que certos grupos —todos, incrivelmente, são ou já estiveram ligados a Bolsonaro— fazem política no Brasil. Fugido do governo, pode apostar que o jagunço Weintraub virou candidatíssimo.

Ir preso, de preferência do modo mais midiático possível, é garantia de sucesso nas urnas. Afinal, você pode apelar aos tribunais para fugir da cana dura, não importa se minutos antes estivesse jogando fogos de artifício no STF. O mesmo vale para o empresário que, depois de financiar a fábrica de mentiras que nega a gravidade da pandemia, fica indignado porque agentes da PF entraram em sua casa sem tirar os sapatos, desobedecendo as recomendações sanitárias.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub, na ocasião em que leu texto de despedida do Ministério da Educação, na quinta-feira (18) - abrahamweintraub no Instagram

Bolsonaro deu o pontapé inicial na práxis abjeta. Ao lançar a pedra de sua candidatura à Presidência, num movimento calculado para medir até que ponto poderia avançar, aproveitou a fogueira do impeachment de Dilma e declarou o voto “pela família e pela inocência das crianças” e “pela memória do coronel Brilhante Ustra”, catalogado torturador da ditadura militar e condenado pela Justiça.

Muitos fizeram cara de paisagem. No Rio, uma foto mudou a sorte de três aventureiros. Nela, eles apareciam rasgando uma placa em homenagem a Marielle Franco e dando risadas. Apesar de repugnante, a imagem rendeu os votos necessários para a eleição de Wilson Witzel, governador que se prepara para tirar férias em Bangu; de Rodrigo Amorim, deputado estadual acusado de embolsar dinheiro público; e de Daniel Silveira, deputado federal que é alvo do inquérito que apura atos antidemocráticos.

Daniel Silveira (à esquerda), Rodrigo Amorim (ao centro, com a placa quebrada, em que estava escrito Marielle Franco) e Wilson Witzel (à direita) em comício realizado na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio - Reprodução

Presidente há um ano e meio, Bolsonaro, o amigo do Queiroz, se envilece a cada dia; com ele, o país. Quando se procurar uma bela paisagem para fingir que o problema não existe, aqui será território de milícia, região devastada, enorme cemitério.

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