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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

John Lennon, o punk-brega

Assim era o líder dos Beatles antes da fama, em Hamburgo: louco por cerveja e aprendendo a tocar e a cantar na marra

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"Mach Schau!", berrava em seu dialeto da noite o empresário alemão, e John Lennon tinha de se virar para fazer um show ("Mach Schau!", ele continuava a ouvir os gritos) capaz de competir com o da stripper Conchita, maior atração do Kaiserkeller, um inferninho perto das docas de Hamburgo.

Em agosto de 1960, indo pela primeira vez à Alemanha, os Beatles (John, Paul, George, mais o baterista Pete Best e o baixista Stuart Sutcliffe) eram uma banda de covers, aprendendo a tocar na marra. Ganhavam uma merreca, mas aqueles cinco adolescentes nunca tinham visto tantas mulheres nuas na vida, muitas das quais iam parar depois dos shows no quartinho atrás de um cinema pornô onde eles ficaram instalados, na avenida Reeperbahn, a zona com luzes de neon vermelhas. George Harrison, com 17 anos, perdeu a virgindade lá.

John Lennon retratado em Hamburgo pela fotógrafa e artista alemã Astrid Kirchherr - Astrid Kirchherr

Com sede insaciável de chope gelado servido na pressão e os olhos vidrados pelo uso de Preludin, um comprimido para emagrecer, Lennon puxava o repertório de clássicos do rock para preencher as apresentações de uma hora e meia e, num dia memorável, de mais de seis horas, com só três intervalos de 30 minutos: Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richards, Fats Domino, Buddy Holly, os Everly Brothers. Marinheiros de todas as partes do mundo adoravam, contanto que o som fosse bem alto.

No palco, um John destrambelhado pulava sobre os ombros de Paul, arremetia contra George e Stu e se jogava na plateia de bebuns, aterrissando de joelhos. Em alguns momentos, parava de cantar e imitava um aleijado, enquanto gritava: "Seus nazistas de merda!". Era punk, ele?

Das temporadas no brega de Hamburgo, restou uma gravação ao vivo feita no Star Club, em 1962. Um amigo meu, de gosto radical, a ouviu em êxtase nesta sexta (9), quando John Lennon completaria 80 anos. Sua tese é a seguinte: bom mesmo eram os Beatles antes dos Beatles.

Stu Sutcliffe e John Lennon apresentado-se ao vivo em Hamburgo no início dos anos 60 - Reprdução

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