Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
Caminhar é preciso
Para fugir do colapso no transporte público
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Efeitos da pandemia: recente levantamento mostrou que de cada 5 paulistanos 3 usaram a caminhada, em 2021, para se deslocar de um ponto a outro da cidade. Entre os cariocas ocorreu um comportamento semelhante, posso garantir me valendo só de minhas observações e andanças —algumas das quais mais ou menos longas, indo do Flamengo ao Centro.
Os entrevistados da pesquisa realizada em São Paulo afirmaram que pretendem manter o novo hábito de locomoção nos próximos anos, e 66% deles disseram que estariam dispostos a trocar o carro pelo transporte público se houvesse boas alternativas de ônibus, metrô e trem. É aí que está o xis do problema.
Você se lembra da revolta dos 20 centavos, em 2013? Desde então tudo piorou. Passageiros empilhados (é impossível manter o distanciamento social nos ônibus), veículos caindo aos pedaços, quebradeira de empresas e investigações sobre fraude em contratos públicos. No Rio as frotas sumiram —a população teve que obrigatoriamente andar a pé. É o pior momento da mobilidade urbana na cidade, o que levou a prefeitura a intervir no BRT. Eduardo Paes estuda até formar uma empresa estatal, nos moldes da antiga CTC, criada por Carlos Lacerda em 1962.
Em dezembro vai começar a bilhetagem digital, modelo pelo qual a prefeitura pretende abrir a caixa-preta das empresas de ônibus e oferecer transparência sobre a arrecadação com as tarifas. Os consórcios —responsáveis pelo transporte de 70% dos cariocas— culpam o congelamento da tarifa por três anos e o impacto da pandemia e da crise econômica por um déficit financeiro de mais de R$ 2 bilhões. Quatro deles já entraram com pedidos de recuperação judicial. Sobre o tempo em que faturavam a rodo, não investiram em melhorias no serviço e pagavam gordas propinas a políticos, nada dizem.
Por necessidade vamos todos virar flâneurs, Baudelaire e João do Rio dos pobres.
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