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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Apostas nada esportivas

Um pênalti batido para fora pode valer milhões

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O banqueiro do jogo de bicho Castor de Andrade chegou cedo ao Maracanã para a final do Carioca de 1967 entre Bangu e Botafogo. Esbanjava otimismo: "O jogo está no papo. Quer dizer, no meu bolso. Já cuidei de molhar a mão de dois homens deles. Não digo os nomes, mas um usa uniforme diferente dos outros dez. E o outro é metido a craque e só chuta com o pé esquerdo".

Alvinegro histórico, João Saldanha ficou uma fera com as bravatas de Castor. Na época comentarista da rádio Nacional, assim que a decisão começou não perdeu de vista os jogadores supostamente subornados com a grana do bicheiro. O meia Gérson fez uma partida fabulosa, com passes e chutes precisos, municiando o ataque e ajudando a defesa; deu até carrinhos. O goleiro Manga, ao contrário, esteve inseguro, nervoso, soltando bolas fáceis; suas enormes mãos pareciam de alface.

O Bangu tinha um timaço, mas o Botafogo venceu: 2 a 1. Na festa na sede do Mourisco, alguém alertou Manga que Saldanha o acusara de gaveteiro ("jogador que aceita dinheiro do clube adversário", segundo o "Dicionário Popular de Futebol" de Leonam Penna). Quando os dois se encontraram, Saldanha puxou o Colt 32 e deu dois tiros para o alto. Manga pulou o muro do clube e, dizem, não parou de correr até chegar em casa.

No passado o gaveteiro era parte do folclore do futebol. Depois vieram as teorias de conspiração, como aquela de que o Brasil entregou a Copa da França, em 1998. Hoje, o jogo arranjado é realidade. A operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, investiga um grupo especializado em manipular resultados de partidas da Série B para obter vantagens em apostas esportivas de alto valor.

É o efeito da explosão dos sites de apostas, mercado não regularizado, com empresas hospedadas no exterior que não geram empregos nem pagam impostos no país. Ainda patrocinam a maioria dos principais clubes brasileiros.

O ex-técnico da seleção brasileira de futebol e radialista João Saldanha - fev.1969/Folhapress

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