Siga a folha

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

O debate político é um emoji de cocô

Congresso se assume como espelho das mídias sociais

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

"Mao Tsé-tung, Hitler, Stálin, Fidel Castro e Lula. Todos têm algo em comum: a vontade de desarmar o cidadão." A frase tem o cheiro e o tamanho de um tuíte escrito por anônimo e replicado por robôs. Bobagem sem fundamento histórico cujo objetivo é "lacrar", como se diz.

O autor da bobagem, no entanto, é o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), que a soltou em alto e bom som na sessão de terça (11) da Comissão de Segurança Pública da Câmara. Ex-delegado da Polícia Civil, em sua declaração ao TSE Bilynskyj omitiu ser sócio de um clube de tiro e, em suas redes sociais, costuma fazer apologia a estupro e racismo e incentivar atos golpistas.

Convocada para ouvir o ministro da Justiça, Flávio Dino, a sessão foi suspensa após confusão e troca de insultos entre bolsonaristas e aliados do governo. Dino abandonou a audiência sob gritos de "fujão" –a imagem surgiu quase em tempo real na internet. Julia Zanatta (PL-SC) recebeu de Márcio Jerry (PCdoB-MA) uma cafungada no cangote. Zé Trovão (PL-SC) e Duarte Junior (PSB-MA) tiveram de ser contidos por policiais legislativos. Duarte acusou Carla Zambelli (PL-SP) de tê-lo mandado "tomar no cu". O detalhe é que, no calor da baixaria, Zambelli preferiu usar o vernáculo, não a sigla VTNC, comum nas redes.

Eis o Congresso. O debate inexiste, a regra é o bate-boca, com ameaças de tiro na cara e B.O. na delegacia. Azar do Conselho de Ética, obrigado a trabalhar onde ninguém trabalha. Legislar hoje é fazer vídeos no celular. Os discursos agressivos e os xingamentos têm uma única finalidade: atiçar a militância e repercutir no Twitter, Instagram, TikTok, WhatsApp, Facebook, YouTube. É como se a política deixasse de existir e virasse apenas o espelho das mídias sociais.

Está para ser analisado o PL que regulamenta as redes. Alguns parlamentares, pelo jeito, vão votar à maneira de Elon Musk. Mandando um emoji de cocô.

Ministro da Justiça, Flávio Dino, fala na Comissão de Segurança Pública da Câmara - Lula Marques/Agência Brasil

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas