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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Descrição de chapéu Rio de Janeiro - Estado

A memória do Bafo da Onça

Livro recupera a trajetória do maior bloco de embalo do Rio

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Na década de 1960 o Carnaval de rua no Rio era um nome só: Bafo da Onça. Não tinha para mais ninguém, nem Cacique de Ramos, nem Boêmios de Irajá —seus primos na categoria bloco de embalo—, nem Bola Preta, cordão que virou megabloco. "Nessa onda que eu vou/ Olha a onda, iaiá/ É o Bafo da Onça/ Que acabou de chegar/ Olha a rapaziada, oba/ Vem dizendo no pé, oba...", cantava Osvaldo Nunes, negro, gay e brigão, 100 quilos no auge da forma física, uma celebridade marginal capaz de deixar Madame Satã com ciúmes: "Eu acho que do jeito que ele briga, não é briga, é escândalo".

Um livro que acaba de sair —"As Onças-Pintadas do Catumbi", de Ana Thereza de Andrade Barbosa, Diogo Cunha e Jorge Luiz Barbosa— conta a história da agremiação surgida em 1956, símbolo de uma época e de um bairro, o Catumbi, que aos poucos vão se apagando na memória dos cariocas.

Bloco Cacique de Ramos na av. Rio Branco, no Rio de Janeiro - Francio de Holanda/Folhapress

Em organização e popularidade, o Bafo rivalizava com as escolas de samba. Percorrendo as ruas da Pequena África e o centro histórico da cidade, saía com mais de 2.500 integrantes fantasiados de onça e divididos em alas, entre as quais a de mulheres e a de crianças. Os cabeças brancas calçavam tamancos, útil para marcar o ritmo, não deixar subir o calor do asfalto e, nas arruaças com o Cacique, servir de arma.

O motor da folia era o Catumbi, território vinculado à presença de afrodescendentes como também de judeus, portugueses, italianos, espanhóis, turcos e ciganos, juntos e misturados. Foi ali que morreu o machadiano Brás Cubas: "Expirei às duas horas da tarde de um sexta-feira de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi". Depois mataram o bairro, arrasado na construção do túnel Santa Bárbara. Ficou o cemitério onde eram enterrados os barões.

Ao contrário de Brás Cubas, o Bafo da Onça se recusa a escrever suas memórias póstumas. Pequeno e roto, ainda vive e resiste nos desfiles da avenida Rio Branco.

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