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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Bolsonaro experimenta máscara de moderado, mas não convence

Esforço do ex-capitão não elimina incertezas de uma possível vitória eleitoral

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Brasília

Em um jantar no início de maio, Jair Bolsonaro (PSL) respirava fundo enquanto empresários e jornalistas falavam. Em um esforço de autocontrole, o presidenciável juntava as mãos em formato de triângulo perto da boca ao ouvir as opiniões dos comensais. "Quantas vezes esperei vocês terminarem de falar? Antes, interrompia sempre", explicou-se, no evento do site Poder360.

Bolsonaro ganhou seguidores graças a seu comportamento feroz, mas percebeu que precisa segurar os impulsos para aumentar suas chances na eleição. Na pré-campanha, o ex-capitão começa a ensaiar um tom moderado. Se vencer, governará com os braços agitados de sempre ou com as mãos em frente à boca?

O candidato do PSL é imprevisível. Num dia, critica o bloqueio de rodovias. Depois, faz uma defesa enfática dos caminhoneiros parados nas estradas. Passadas 24 horas, diz que o movimento passou dos limites.

As rédeas frouxas que Bolsonaro impõe a si mesmo confundem tanto os eleitores que o observam com desconfiança quanto os integrantes de sua base fiel. O ex-capitão foi criticado por alguns apoiadores, por exemplo, quando rechaçou a possibilidade de uma intervenção militar.

Bolsonaro respira fundo e defende uma política econômica ultraliberal, mas tem recaídas frequentes e retoma o ímpeto estatizante que marcou sua vida política. Até agora, é impossível saber se o presidenciável conduziria a economia com a mão direita ou com a mão esquerda.

Em campanha, o deputado coloca uma máscara conciliadora para disfarçar a fama de intolerante. Tenta controlar os rompantes que renderam uma denúncia por racismo e um processo por apologia ao estupro.

Há cerca de 10 dias, o ex-capitão tentou justificar seu comportamento mais contido. "Vou continuar atirando, mas agora com silenciador", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo. A metáfora bélica sugere que Bolsonaro adapta seu discurso para conquistar o eleitorado, mas pode voltar a empunhar uma metralhadora barulhenta se alcançar ao poder.

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