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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

De olho em Moro e na economia, Lula faz oposição a Bolsonaro pela metade

Petista fingiu não ver metade da interferência do presidente na Polícia Federal

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No dia 21 de maio, a presidente do PT assinou um pedido de impeachment de Jair Bolsonaro, formulado por advogados e organizações de esquerda. A peça citava a postura antidemocrática do presidente, a conduta desastrosa do governo na pandemia e as tentativas de interferência na Polícia Federal.

Para embasar a acusação, o último tópico listava declarações do ex-ministro Sergio Moro no dia de sua demissão. O partido acreditava que o comportamento de Bolsonaro naquele episódio era grave o suficiente para tirá-lo do poder. Faltou combinar com o restante da sigla.

Concentrado no embate com o ex-juiz, Lula disse na terça-feira (15) que o caso era “uma pirotecnia” de Moro. “O presidente da República tem o direito de indicar o diretor da Polícia Federal, sim. Eu indiquei duas vezes e nunca pedi, nunca orientei, porque eles têm autonomia”, afirmou ao Diário do Centro do Mundo.

O petista pode ter falado uma obviedade, mas quis contar só metade da história. Bolsonaro tem mesmo o poder de escolher o comando da PF. Moro, aliás, acobertou boa parte das investidas do chefe nesse sentido. Mas o Supremo também viu movimentos nítidos do presidente para aparelhar a cúpula do órgão e proteger seus aliados de investigações.

Lula preferiu esquecer essa parte. Nada sugere que o petista tenha interesse em poupar Bolsonaro, mas suas declarações refletem um oportunismo político exagerado.

Embora trate Bolsonaro como adversário, Moro é o inimigo que Lula tenta desqualificar em primeiro lugar. Esse seria o caminho para reforçar as acusações de suspeição contra o ex-juiz, anular suas condenações e voltar à cena eleitoral.

Além disso, Lula dá mais um sinal de que não pretende encarar Bolsonaro no campo do autoritarismo, da corrupção e do comportamento antidemocrático. O petista já mostrou que prefere disputar na arena econômica, principalmente no momento em que o governo avança sobre territórios da sigla. O cálculo faz sentido, mas não era preciso fingir cegueira.​

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