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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Arranjos políticos podem multiplicar estrago de um 2º governo Bolsonaro

Autocrata com mandato renovado nas urnas pode ser tão perigoso quanto golpista bem-sucedido

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Os arranjos que Jair Bolsonaro fez para sobreviver no cargo, proteger seus aliados e disputar a reeleição têm potencial para multiplicar o estrago que ele deve fazer se conquistar um segundo mandato. O contrato político com o centrão, as nomeações para tribunais e a ocupação de espaços na máquina do governo serão ferramentas exploradas pelo presidente numa insistente tentativa de ampliar seus poderes.

O acordo de Bolsonaro com o PL é mais do que o aluguel de uma casa para a campanha. Se conseguir mais quatro anos no cargo, o presidente terá uma sociedade consolidada com um bloco disposto a articular a aprovação de projetos do Planalto em troca de acesso a dinheiro público e dividendos políticos.

A votação da proposta que adia o pagamento de dívidas para abrir espaço no Orçamento mostra que essa aliança é capaz de mudar a Constituição para atender ao presidente. Num governo Bolsonaro 2, ele teria uma margem de manobra mais ampla para aprovar disparates de sua agenda ultraconservadora, flexibilizar o uso de armas ou esvaziar o poder de outras instituições.

O acerto reforçado com o centrão pode facilitar a vida de Bolsonaro em nomeações para cargos-chave. Foi esse bloco de partidos o responsável por mandar para o STF o ministro Kássio Nunes Marques, a quem o presidente se referiu como "10% de mim". Ao fim de um novo mandato, ele pode ter quatro indicados na corte. "Aí, você mudou a linha do Supremo Tribunal Federal", ostentou.

O presidente também deve transportar para um segundo governo seu avanço sobre órgãos como a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União. Com respaldo de aliados políticos, ele terminaria de desmontar instituições de controle para completar a blindagem de sua família e sua tropa de choque.

Experiências em países como a Hungria já mostraram que um autocrata com base política, postos estratégicos e mandato renovado nas urnas pode ser tão perigoso quanto um golpista bem-sucedido.

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