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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Bolsonaro foi fiador de contrato político com pastores no MEC

Se corrupção ficar comprovada, será difícil afastar o presidente da cena do crime

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Jair Bolsonaro não instalou por acaso um pastor no comando do Ministério da Educação em seu segundo ano de governo. O presidente ofereceu a grupos religiosos um palanque ideológico e influência sobre operações milionárias com dinheiro público. Em troca, poderia reforçar suas conexões com o segmento evangélico e aproveitar os benefícios políticos dessa relação.

A aliança reproduziu a lógica de loteamento que Bolsonaro sempre tentou disfarçar. As suspeitas de corrupção sobre o ex-ministro Milton Ribeiro e os pastores que gerenciavam um balcão de negócios no MEC mostram que um dos principais grupos de sustentação política do presidente estava muito bem servido no acesso aos cofres do governo.

A assinatura do próprio Bolsonaro está no contrato dessa parceria. Numa gravação revelada pela Folha em março, Ribeiro disse que atenderia a um "pedido especial" do presidente e daria prioridade à liberação de verba intermediada pelos pastores.

Bolsonaro e o ex-ministro nunca negaram esse laço com os investigados. Ribeiro chegou a dizer que o chefe só havia pedido que os pastores fossem recebidos no governo, mas essa desculpa não melhorou a situação: a dupla esteve mais de 100 vezes no MEC e outras 45 vezes no Palácio do Planalto.

Pastores que negociam recursos do MEC em evento na sede da pasta com o presidente Bolsonaro, no dia 10 de fevereiro de 2020 - Reprodução

A PF investiga se os pastores usavam esse acesso para facilitar a liberação de recursos públicos em troca de propina. Um prefeito acusa a dupla de ter pedido uma barra de ouro para direcionar a verba.

A prisão de Ribeiro atinge Bolsonaro porque o ex-ministro é um elo conhecido entre o capitão e os pastores. Não há indícios de que o presidente tenha recebido dinheiro no esquema, mas será difícil afastá-lo completamente da cena do crime se a corrupção ficar comprovada.

O escândalo não deve abalar a consolidada relação entre Bolsonaro e líderes evangélicos, mas arrasa a retórica anticorrupção do presidente. O esquema dos pastores não difere em nada daqueles protagonizados por partidos políticos.

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