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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Bolsonaro continua atrás de um pretexto para melar a eleição

Campanha do presidente usa suspeitas a conta-gotas para estimular tumulto eleitoral

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Para que não restassem dúvidas, Jair Bolsonaro deixou clara a prioridade de sua campanha nos dias finais do segundo turno. Num comício em Minas Gerais, o presidente alertou os eleitores para o que seria "o assunto do momento" e sentenciou: "Sou vítima mais uma vez".

O comitê da reeleição trabalha há três dias para espalhar a ideia de que Bolsonaro é alvo de uma sabotagem na transmissão da propaganda de rádio. O plano vem sendo executado de forma meticulosa para lançar suspeitas a conta-gotas, tumultuar o ambiente eleitoral, desviar atenções e vitimizar o candidato.

O único fato irrefutável que a campanha de Bolsonaro apresentou até agora foi uma queixa: a de que emissoras de vários estados deixaram de veicular milhares de inserções do candidato durante a programação. Poderia ser verdade, mas comprovar essa afirmação não era necessário para que o presidente começasse a soltar o grito de fraude eleitoral.

Presidente Jair Bolsonaro (PL) em comício em Teófilo Otoni (MG) - Jair Bolsonaro no Facebook

A cronologia da operação prova que o objetivo é fabricar confusão na última semana da disputa. Primeiro, a campanha fez uma reclamação sem apresentar as evidências do suposto desequilíbrio. Depois de 24 horas, apresentou uma contagem parcial. No terceiro dia, Bolsonaro levou o tema para o palanque e falou em manipulação eleitoral.

Verificações independentes apontaram que números apresentados pela equipe do presidente não batem com gravações da própria campanha. Além disso, algumas rádios disseram que deixaram de veicular a propaganda de Bolsonaro porque o comitê não enviou os áudios. Mesmo que as inserções não tenham sido veiculadas, a responsabilidade pela fiscalização é de cada candidatura.

Bolsonaro conseguiu energizar sua base e congestionar o ambiente para evitar a discussão de temas desagradáveis para sua campanha. O presidente aposta mais uma vez no batido discurso de que o TSE conspira com o PT, estimulando agitações para melar a disputa. O bolsonarismo pode trocar de roupa e preencher planilhas, mas continua igual.

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