Siga a folha

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Tarcísio preserva 'bolsonarismo raiz' em arranjo de direita

Governador eleito de SP pode trilhar um caminho próprio, mas ainda depende da força do ex-chefe

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Tarcísio de Freitas jura que nunca foi um "bolsonarista raiz". O governador eleito de São Paulo disse em entrevista à CNN Brasil que concorda com as "ideias econômicas" do governo de Jair Bolsonaro e defende bandeiras conservadoras, mas afirmou que não pretende "entrar em guerra ideológica e cultural".

A declaração passa longe de uma ruptura. O ex-ministro não nega ser um bolsonarista, mas escolhe um complemento para emplacar a ideia de que há uma divisão entre um grupo raiz e uma ala mais pragmática.

Com o malabarismo, Tarcísio busca um certo conforto. Ele tenta se diferenciar de personagens barulhentos, mas admite conviver com radicais e se beneficiar de suas ações —como fez durante a campanha e em seus 1.186 dias como ministro.

O governador eleito parece interessado em renovar essa lógica no Palácio dos Bandeirantes. Tarcísio decidiu dar verniz técnico às áreas ligadas à infraestrutura, entregou a economia a seguidores da cartilha de Paulo Guedes e concedeu espaço estratégico ao "bolsonarismo raiz".

A partilha atende aos interesses políticos do ex-ministro. Tarcísio levou para o próprio colo a operação de obras públicas, a área de transportes e serviços como a Sabesp. O plano é usar o governo para obter um rótulo de gestor.

Na economia, ele reproduz a linha liberal de Guedes para preservar o apoio de investidores e manter a coesão de um eleitorado de direita que, por 28 anos, viu no PSDB paulista a liderança dessa doutrina.

Já o "bolsonarismo raiz" terá espaço privilegiado na Segurança Pública. A pasta ficará com o deputado Guilherme Derrite, que foi apadrinhado por Eduardo Bolsonaro e já disse que bons policiais devem ter ao menos três mortes na carreira.

Tarcísio não se separou desse grupo. Ele montou o laboratório de um novo arranjo de direita —que busca uma marca de centro, mas mantém em cena o "bolsonarismo raiz". O governador eleito pode trilhar um caminho político próprio, mas ainda depende da força do ex-chefe.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas