Descrição de chapéu transição de governo

Tarcísio escolhe bolsonarista na Segurança, confirma pastor no Turismo e apresenta Kassab

Equipe do governador eleito de SP apresentou os novos secretários Capitão Derrite e Roberto de Lucena

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São Paulo

A equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou nesta quarta-feira (30) o bolsonarista Capitão Derrite (PL-SP), o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o pastor Roberto de Lucena (Republicanos-SP) para ocuparem secretarias do futuro governo em São Paulo.

Como esperado, Derrite será secretário da Segurança, Kassab será titular da pasta de Governo e Lucena comandará o setor de Turismo.

O coordenador da transição em São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), também anunciou o médico infectologista Esper Kallás para comandar o Instituto Butantan.

Ele afirmou ainda que a procuradora-geral do Estado, Inês Coimbra, que é ligada ao atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), se manterá à frente da Procuradoria-Geral do Estado.

O governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) em entrevista com a equipe de transição - Danilo Verpa - 29.nov.22/Folhapress

Derrite é deputado federal e, na transição, coordena o eixo temático de Segurança Pública e Administração Penitenciária. Policial militar da reserva e defensor de políticas linha-dura, ele comandou pelotão da Rota e da Força Tática.

Lucena é pastor evangélico, ligado à Igreja O Brasil para Cristo, e integra a equipe de transição. Ele foi secretário estadual do Turismo entre 2015 e 2016, no governo Geraldo Alckmin (PSB).

A escolha de um bolsonarista e de um evangélico é um aceno aos conservadores e à base eleitoral de Jair Bolsonaro (PL), setores que vinham reclamando de terem sido preteridos por Tarcísio. Até agora, o governador eleito deu preferência a nomes técnicos e ligados a Kassab.

Na campanha, Tarcísio teve a intenção de dar ao chefe da Polícia Civil e ao comandante da Polícia Militar status de secretário e, com isso, extinguir a Secretaria da Segurança Pública, seguindo o modelo do Rio de Janeiro. Após repercussão negativa, porém, ele voltou atrás.

Questionado sobre a estrutura da secretaria, Derrite afirmou que está fazendo um diagnóstico da situação.

O futuro secretário também foi questionado sobre qual será sua política em relação às câmeras dos uniformes dos policiais. Durante a campanha, Tarcísio prometeu acabar com o equipamento, mas, diante da defesa da ferramenta por especialistas e de resultados positivos na redução da letalidade, disse depois que faria uma avaliação.

Derrite seguiu a mesma linha. "É um ponto que gerou uma certa polêmica durante a campanha, tudo que for para beneficiar a população paulista e dar sustentação para o trabalho do policial será muito bem-vindo. Mas toda política pública é suscetível, sim, a uma reavaliação", disse.

Kassab, como adiantou a Folha, deve ser o homem forte da gestão.

Afif, representando Tarcísio, anuncia nomes de secretários que participarão do futuro governo - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Em 2018, ele havia sido indicado pelo então governador eleito João Doria (à época no PSDB) para chefiar a Casa Civil, mas às vésperas da posse foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investigava doações consideradas suspeitas da empresa JBS entre 2010 e 2016.

Kassab sempre negou quaisquer irregularidades, e, segundo ele, 80% dos procedimentos legais do caso já foram encerrados.

Até agora, Kassab vem se consolidando como a principal influência nas escolhas de Tarcísio para o governo, o que gera reclamação de bolsonaristas. Além da própria pasta, o presidente do PSD emplacou outros aliados no secretariado, como o ex-deputado Eleuses Paiva (PSD) e o secretário da Educação no Paraná, Renato Feder.

Com a promessa de nomear técnicos, Tarcísio também tem escolhido pessoas da sua confiança, com quem trabalhou no Ministério da Infraestrutura, como Natália Resende e Arthur Lima.

"A presença do Kassab se fez muito forte desde o início da campanha, quando foi feita a opção por apoiar o Tarcísio lá atrás. O PSD tinha um projeto em São Paulo, que era o Felício Ramuth, e o Kassab resolveu assumir o projeto do Tarcísio aqui em São Paulo", disse Afif.

Kassab afirmou que ficará à frente do PSD, partido que deve integrar a base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele, porém, negou que terá como função fazer a intermediação entre o governo bolsonarista em São Paulo e a gestão Lula.

"Em relação a interlocução do governador com o presidente da República, não tem nenhum sentido [eu fazer esse papel]. Governador do estado fala com presidente da República. Cabe ao secretário apoiar essa relação", disse Kassab.

Kallás deverá assumir o Instituto Butantan só na próxima gestão. O nome dele foi anunciado no mesmo dia que o então responsável pelo órgão, Dimas Covas, pediu demissão em meio a desgaste com o Palácio dos Bandeirantes e questionamentos do TCE (Tribunal de Contas do Estado) por causa de gastos da Fundação Butantan.

A saída dele aconteceu após questionamentos e reportagem da Folha sobre o tema. Rui Curi, que atualmente é um dos diretores da fundação, vai suceder Dimas até o final deste ano como diretor do instituto.

Nesta terça-feira (29), Tarcísio afirmou que iria criar duas secretarias que não existem hoje —da Mulher e de parcerias público-privadas— e iria extinguir a pasta de Desenvolvimento Regional, que atualmente é comandada pelo PSDB.

Até agora, o governador eleito havia anunciado outros quatro futuros secretários —Feder (Educação), Paiva (Saúde), Lima (Casa Civil) e Resende (Infraestrutura, Meio Ambiente e Transportes).

VEJA LISTA DE SECRETÁRIOS E OUTROS CARGOS

Gilberto Kassab - Governo
O ex-prefeito de São Paulo entre 2009 e 2012 é presidente do PSD, partido que acompanhou Tarcísio na chapa com o vice-governador eleito, Felicio Ramuth. Ele também foi ministro nos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) e se opôs a Bolsonaro na condução da pandemia de Covid-19.

Natalia Resende - Infraestrutura e Meio Ambiente
Procuradora federal e consultora jurídica no Ministério da Infraestrutura, onde trabalhou ao lado de Tarcísio de Freitas. Mestre e doutoranda em tecnologia ambiental e recursos hídricos pela Universidade de Brasília, com foco em regulação de infraestruturas de rede

Arthur Lima - Casa Civil
Aliado técnico de Tarcísio, trabalhou com ele no Ministério da Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (PL) e foi diretor da Empresa de Planejamento e Logística da pasta do atual governador eleito.

Eleuses Paiva - Saúde
É médico e ex-presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), além de ter sido deputado federal e vice-prefeito de São José do Rio Preto, no interior do estado. Com um perfil pró-vacina e pró-máscaras, atuou na campanha do governador eleito e colaborou com seu plano de governo.

Renato Feder - Educação
Nascido em São Paulo, é empresário da área de tecnologia e o atual secretário de Educação do Paraná, e conseguiu colocar as escolas estaduais paranaenses entre as com melhor desempenho na última edição do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Capitão Derrite - Segurança
Ex-policial da Rota foi eleito deputado federal pelo PL de São Paulo em 2018 e reeleito neste ano. Atualmente é oficial da reserva da PM. É formado em direito e em ciências policiais e segurança pública. Defensor de políticas linha-dura, foi relator do projeto que acaba com a saída temporária de presos e tem a opinião de que as câmeras nos uniformes inibem os policiais.

Roberto de Lucena - Turismo
É deputado federal pelo Republicanos, partido ao qual se filiou neste ano, tendo sido filiado ao Podemos e ao PV anteriormente. É pastor evangélico. Foi secretário do Turismo entre 2015 e 2016, no governo de Geraldo Alckmin (PSB).

Esper Kallás – Instituto Butantan
Médico infectologista, é professor titular do departamento de moléstias infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da USP. É coordenador do centro de pesquisas clínicas do Hospital das Clínicas.

Inês Coimbra – Procuradoria-Geral do Estado
É advogada, mestre em direito pela PUC-SP, onde leciona no curso de especialização em direito administrativo. É procuradora há 28 anos e, em 2022, na gestão de Rodrigo Garcia (PSDB), foi nomeada procuradora-geral.

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