Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
Bolsonarismo busca demonstração de força em eleição no Senado
Mesmo que Rogério Marinho fracasse, grupo quer aumentar poder de barganha e manter golpismo vivo
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No fim de novembro, Flávio Bolsonaro (PL) chamou dirigentes de seu partido, do PP e do Republicanos para uma reunião. O filho do então presidente começava a contar votos para tentar eleger Rogério Marinho (PL) para o comando do Senado. A plataforma era clara: instalar na chefia do Congresso um parlamentar disposto a enfrentar o Supremo.
Nos últimos dias, Marinho ganhou o apoio formal do trio de partidos que era o núcleo do governo Jair Bolsonaro. Sua candidatura à presidência do Senado representa uma busca do bolsonarismo por sobrevida.
O plano é ganhar poder para defender as pautas do grupo, mas também fazer uma exibição de força suficiente para manter a coesão da direita e oferecer um polo alternativo aos parlamentares do centrão assediados pelo governo Lula.
Os aliados de Bolsonaro sabem que a vida na oposição é dura. Faltam verba pública para satisfazer suas bases eleitorais, holofotes para obter ganhos políticos e poder para influenciar a agenda do país.
A candidatura de Marinho é tratada como um tanque de oxigênio tanto por bolsonaristas que querem acesso aos cofres públicos como por aqueles que buscam manter vivo o golpismo ou defender pautas ultraconservadoras. Mesmo que fracasse, o grupo espera mostrar que tem cerca de 30 cadeiras no Senado para atrapalhar o governo (na votação de PECs, principalmente) ou para pressionar Lula por barganhas.
Apesar das movimentações dessa turma, Rodrigo Pacheco (PSD) ainda é favorito à reeleição. O atual presidente do Senado usa a seu favor a partilha de benesses a parlamentares nos últimos dois anos e a rejeição à agenda golpista.
Ainda assim, aliados de Pacheco evitam subir no salto. Prova disso é que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), avalia deixar o cargo no dia 1º para voltar ao Senado e votar pela reeleição. O motivo é que sua suplente, Margareth Buzzetti (PSD), fez campanha para Jair Bolsonaro. O grupo teme que ela apoie Marinho numa votação apertada.
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