Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Itamaraty

Capital diplomático de Lula varia de acordo com terreno político

Com Biden em fevereiro, presidente tentará tirar proveito de agenda comum em defesa da democracia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Depois de encontrar o presidente uruguaio, Lula afirmou que sua relação com líderes políticos de outros países não terá viés ideológico. "Os presidentes não precisam pensar como eu", declarou o brasileiro.

Um dos objetivos da viagem inaugural do terceiro governo Lula foi um ajuste simbólico na diplomacia brasileira. Em 24 horas, o petista sorriu ao lado do esquerdista Alberto Fernández (a quem chamou de "companheiro e amigo") na Argentina e posou para fotos com Luis Lacalle Pou, que comanda um governo de centro-direita no Uruguai.

Com pouca sutileza, Lula quis demarcar diferenças com um antecessor que escolheu ofender qualquer país que pendesse para o centro ou para a esquerda. Em Buenos Aires, o petista pediu desculpas aos argentinos "por todas as grosserias" de Jair Bolsonaro e ofereceu aos uruguaios um compromisso de cooperação independente de coloração partidária.

O movimento teve recepção diferente dos dois lados da fronteira. Com os argentinos, Lula falou a mesma língua sobre integração regional, interesses comerciais e o Mercosul. O ambiente parecia tão confortável que o petista deu combustível ao incipiente plano de criar uma moeda comum para o comércio.

No Uruguai, as exibições foram menos harmônicas. Lacalle Pou reafirmou em público o desejo do Uruguai de negociar acordos com a China —mesmo sabendo que o Brasil é contra a ideia. Lula reconheceu seu direito de buscar ganhos comerciais e apenas sugeriu que o Mercosul converse em bloco com o país asiático, num futuro ainda incerto.

Lula sabe que o valor de seu capital diplomático varia de acordo com o terreno. Ao menos nas etapas iniciais de seu retorno ao poder, a política externa do governo terá mais força quando algumas afinidades políticas estiverem presentes.

A eficácia deve ser testada na viagem de Lula aos EUA, em fevereiro. Com Joe Biden, o brasileiro tentará tirar proveito de uma agenda comum que tem o objetivo de denunciar e isolar a ameaça da extrema direita.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.