Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
Lula diversifica cardápio para compensar fim da farra das emendas
Presidente trabalha para pulverizar distribuição de verba e reforçar digitais do Planalto
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A farra das emendas de relator concentrou na cúpula do Congresso a moeda de troca dos acordos políticos com o governo. O Executivo liberava a verba, mas os cardeais do Legislativo determinavam a partilha do dinheiro. O fim do mecanismo deu ao Planalto a chance de investir em outras ferramentas.
Lula trabalha para reformular o cardápio que alimenta a rede de apoio político do governo. Nas últimas semanas, o presidente fez movimentos com o objetivo de pulverizar a distribuição de recursos, reforçar impressões digitais do Planalto na canalização de verba oficial e renegociar a ocupação de órgãos que distribuem esse dinheiro.
Um instrumento que ganhou atenção do petista foi a articulação do Planalto com os municípios. As emendas de relator haviam tornado prefeitos de pequenas cidades mais dependentes das remessas feitas por deputados e senadores, mas o novo governo parece interessado em recuperar influência nessa relação.
O presidente quer que os bancos federais abasteçam as prefeituras, sob orientação do Planalto. "Vamos reconstruir em cada superintendência da Caixa uma sala para que os prefeitos do interior visitem a Caixa e discutam [projetos] sem precisar ficar correndo atrás de deputado aqui em Brasília", disse Lula em uma reunião no fim de janeiro.
No mesmo evento, o presidente prometeu a governadores recursos do BNDES e do Banco do Nordeste para obras. "Se o governo estiver com as contas em ordem e tiver a possibilidade de endividamento, não há por que o governo federal, através dos bancos públicos, [não] facilitar que esses governadores tenham acesso a recursos", declarou.
Apesar da diversificação, Lula não pretende abrir mão dos serviços do centrão. Na Câmara, o governo renovou os termos de uma aliança com o grupo. Fechou acordo para distribuir verba a deputados novatos e se comprometeu a entregar a aliados de Arthur Lira a chefia da Codevasf e do Dnocs —escoadouros de recursos indicados por parlamentares.
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