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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Descrição de chapéu ataque à democracia STF

Evitar prisão é ponto central da atuação política de Bolsonaro

Sorte do ex-presidente é que ele não será julgado por desculpas esfarrapadas ou falta de lógica

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Eram 20h34 do dia 12 de fevereiro quando Jair Bolsonaro divulgou um vídeo em que convocava um ato em sua defesa. Uma hora depois, o ex-presidente cruzava o portão da embaixada da Hungria, onde se abrigaria por dois dias.

A sucessão das duas cartadas é uma expressão do espírito errático de Bolsonaro, um personagem que fez da própria sobrevivência o ponto central de sua atividade política. Quatro dias depois de ter o passaporte confiscado e descobrir que a PF encontrou todas as suas digitais numa tentativa de golpe, o ex-presidente encarou sua maior aflição.

Escapar de uma ordem de prisão é a principal motivação das jogadas recentes de Bolsonaro. Ao chamar uma multidão para a avenida Paulista, o ex-presidente tentou exibir o custo do encarceramento de um líder político para constranger os tribunais. Como essa arma teria boa chance de falhar, ele aproveitou o ato para pedir a aliados uma anistia antecipada por seus crimes.

Já o esconderijo improvisado na embaixada húngara sugere que o receio de Bolsonaro era mais urgente —ou, no mínimo, que ele explorava um cardápio de alternativas para enfrentar um desfecho considerado inevitável. O travesseiro e a cafeteira entregues de última hora por funcionários da chancelaria dão peso à primeira hipótese.

Quando autorizou a operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro, Alexandre de Moraes incluiu Bolsonaro no rol de investigados proibidos de deixar o país por risco de "tentativa de evasão". O ministro anotou que a intenção poderia aumentar quando o grupo soubesse do aprofundamento das investigações.

É preciso engolir as desculpas esfarrapadas da defesa de Bolsonaro para acreditar que nada suspeito aconteceu na embaixada. Os advogados só disseram ao STF que ele mantém relações políticas com o governo da Hungria e que seria "ilógico" tratar o episódio como indício de um eventual pedido de asilo. A sorte do ex-presidente é que ele não será julgado por falta de lógica.

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