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Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Celebração da educação

Em resgate na Tailândia e em fala de Malala, a dor e a possibilidade de vitória se combinaram

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Nesta semana vivemos dois importantes acontecimentos, ambos relacionados à educação.

Um foi a situação dos estudantes presos, junto com seu professor, numa caverna na Tailândia e a concentração de esforços para resgatá-los

O outro foi a presença de Malala Yousafzai no Brasil e sua participação num evento com inúmeros ativistas, entre mulheres e meninas que tentam ter sua voz ouvida para promover uma aprendizagem significativa para todos.

Naturalmente, o segundo acontecimento parece ter maior vínculo com educação do que o primeiro, a não ser pela presença de alunos e de seu mestre. 

Mas há considerações importantes a se fazer: o professor levou, talvez correndo certo risco, os alunos do time de futebol para uma exploração que transcende sua área de ensino, como uma experiência adicional de aprendizagem, segundo foi reportado.

Além disso, a despeito do sofrimento dos meninos e de suas famílias, alguns avanços foram obtidos pela humanidade no esforço para resgatá-los. Certamente, aprendemos muito sobre empatia e solidariedade, duas atitudes e competências que nos tornam humanos, em tempos de robotização. 

Aprendemos também como transmitir dados em áreas sem conectividade, por meio de uma tecnologia israelense, e como transportar, de forma segura, pessoas não preparadas para mergulhar. Nos próximos dias, saberemos mais sobre os aprendizados dos próprios meninos. 

A presença de um professor certamente impediu a possibilidade de um cenário distópico como o descrito na excelente obra do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1983, William Golding, “O Senhor das Moscas”, em que processos violentos de dominação e exploração se desenvolvem entre garotos náufragos, quando abandonados à própria sorte numa ilha.

No segundo episódio da semana, foi alentador ver, em transmissão pelas redes sociais, a jovem paquistanesa, que teve que lutar pelo acesso de meninas à educação, falando sobre sua experiência, que lhe trouxe ferimentos graves e risco de vida, mas também um Prêmio Nobel da Paz e fundos que lhe permitiram investir na sua causa no mundo todo. 

No entanto, ela também ouviu muito sobre as lutas vividas no Brasil pelo acesso de todos a ensino de qualidade, num evento que celebrou a educação de forma única.

Nos dois acontecimentos, a dor e a possibilidade de vitória se combinaram, revelando o potencial da educação mesmo quando tudo mais parecia perdido. Quem sabe, além disso, que o aprendizado de empatia apareça também a cada barco de imigrantes que fica à deriva, afinal não podemos perder nenhuma criança, nenhum jovem, nenhuma Malala!

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