Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.
A educação e o progresso social, ideias para o G20
Em muitos países, há um crescente 'apartheid' no acesso à educação
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Em 2020, teremos mais um encontro de cúpula do chamado G20, dessa vez na cidade de Riad. Entre os temas que serão discutidos está o da “educação para o progresso social”. A ideia do progresso social ganhou força em 2010, quando líderes mundiais da área social se reuniram e defenderam o progresso social como um imperativo ético, que deveria resultar num índice para fazer frente à visão puramente econômica do PIB.
Como a educação dialoga com o progresso social? Ela contém em si a promessa de promoção da mobilidade social. Mas as políticas educacionais podem ser concebidas tanto para construir equidade ou, ao contrário, podem resultar em aumento da desigualdade. Em muitos países, há um crescente “apartheid” separando crianças que têm acesso a escolas de elite de outras que recebem, em ambientes escolares de baixa qualidade, uma instrução de segunda classe, com professores mal remunerados e com baixas expectativas para a maioria deles. Como resultado, essas sociedades, que já têm grande desigualdade de renda e de oportunidades não só reproduzem a injustiça predominante mas até a aumentam.
Assim, apenas ter acesso às escolas não garante maiores chances de subir na escada social. Quando não estruturamos o sistema para garantir a equidade, os países caminham não só para maior desigualdade e exclusão mas para mais violência também. Em muitas dessas nações, o resultado da falta de qualidade em áreas vulneráveis é um número maior de jovens fora da escola e do trabalho. Alguns deles tendem a se juntar ao crime.
Muito pode ser feito para evitar isso, mas atrair os melhores professores para as escolas mais desafiadoras é certamente uma das possibilidades, assim como ter um bom currículo e buscar práticas educacionais baseadas em evidências científicas. O que não podemos aceitar é a prevalência de uma abordagem que naturaliza a oferta de ensino de segunda classe para crianças desfavorecidas.
Mas o progresso social não está apenas ligado à equidade e à geração de oportunidades. Ele inclui o atendimento às necessidades humanas básicas e ao bem-estar. Nesse sentido, se quisermos aproveitar as ideias por trás do indicador, devemos também incluir a liberdade pessoal e a segurança como elementos que as escolas devem promover.
Parte disso envolve o desenvolvimento do protagonismo dos alunos, ensinando-os a fazer escolhas, o autocuidado e a autonomia para assumir a responsabilidade por sua própria escolaridade e a participar ativamente na sociedade. Afinal, crianças e adolescentes serão a próxima geração a tentar construir um mundo melhor.
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