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Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Dom Paulo Evaristo Arns e Paulo Freire, dois gigantes brasileiros

O arcebispo emérito de São Paulo e o educador completariam 100 anos nesta semana

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Esta semana, duas personalidades fundamentais de nossa história recente, Paulo Freire e dom Paulo Evaristo Arns, completam seu centenário de nascimento. Suas contribuições individuais são notáveis em campos distintos, mas ambos compartilham uma visão profundamente humanista e engajada em defesa dos mais vulneráveis.

Dom Paulo, o quinto arcebispo de São Paulo, teve importante papel na promoção dos direitos humanos, num contexto desafiador, em pleno governo militar, quando opositores políticos eram presos, torturados e muitos assassinados. Inúmeras vezes, o Cardeal da Esperança foi com familiares dos presos, correndo grandes riscos, conversar com autoridades militares para tentar evitar que eles fossem mortos.
Além disso, dom Paulo defendia particularmente as crianças, lembrando que “quem não respeita a criança não respeita a si mesmo e não respeita o futuro” que, segundo ele, deveria ser associado ao fim da “exclusão social”.

Já o filósofo e educador Paulo Freire teve sua atuação intimamente ligada à transformação da educação, não só no Brasil como em vários outros países. Seu livro “Pedagogia do Oprimido” é o terceiro mais citado em publicações acadêmicas de ciências sociais no mundo. Encontrei a obra ao visitar escolas ou fazer palestras em muitos lugares, entre eles no Paquistão e em Singapura.

Dele nos ficam lições importantes, como a de que “o educador se eterniza em cada ser que educa” ou que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção”. Defendia uma educação que ainda faz muito sentido no século 21, como a ideia de que deveríamos formar para a autonomia, como já defendia seu mestre, John Dewey. Quando secretário municipal da Educação em São Paulo, foi pioneiro ao incorporar a tecnologia no processo de ensino-aprendizagem. Evidentemente pesquisas mais recentes em neurociências trouxeram novos achados a serem incorporados à educação, mas isso não desqualifica suas importantes teorias.

Mas algo mais se comemora nesta semana, o Dia Internacional da Democracia, data criada pela ONU em 2007 para lembrar a Declaração Universal da Democracia, assinada em 1997 por 128 países. A celebração, dia 15, visa promover a democratização e o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais em todo o planeta.

Os dois gigantes brasileiros também nisso se destacaram. Não é possível construir uma nação democrática sem educação de qualidade para todos. Tampouco se pode priorizar uma educação emancipadora sem instituições democráticas sólidas. Dom Paulo e Paulo Freire sabiam bem disso e colocaram-se a serviço dessa importante causa.

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