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Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Desafios para transformar a educação

Desigualdades educacionais e insuficiência de aprendizagem se aprofundaram com Covid

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Há cerca de três anos venho fazendo mentoria de secretários municipais e estaduais de Educação, ajudando-os a pensar em como assegurar aprendizagem de qualidade para todos os alunos em seus territórios.

Naturalmente não tem sido simples, mesmo antes do fechamento das escolas, oferecer um ensino que diminua as profundas desigualdades educacionais em que o Brasil está imerso. As condições de infraestrutura das escolas, o número reduzido de horas de aula e a baixa atratividade da carreira de professor, com salários insuficientes e jornadas fragmentadas, tornam o processo de ensino pouco efetivo.

Mas, com o advento da Covid-19, as desigualdades educacionais e a insuficiência de aprendizagem se aprofundaram. Enquanto alguns alunos ficaram isolados em casas com pais presentes em teletrabalho e recebendo aulas remotas por meio de plataformas digitais, outros, de meios menos afluentes, não contaram com conectividade, equipamentos ou familiares disponíveis para apoiar a aprendizagem. Além disso, ela se deu, neste último caso, basicamente por meio de apostilas autoinstrucionais enviadas pelas escolas.

Além disso, a complexa logística envolvida nesse esforço incluía oferecer alimento para crianças em risco nutricional e aproveitar as cestas enviadas para incluir orientações aos pais e apostilas aos alunos.
Outra tarefa importante tem sido a de formar, à distância, os professores para uma prática que nunca havia sido implementada com crianças, para uma nova forma de conexão humana com seus alunos. Para completar, organizar-se para realizar obras em escolas, para torná-las preparadas para uma volta segura.

Não foi fácil para os secretários e suas equipes. Mas, além de aprenderem com a ação proativa de professores que foram para a linha de frente mesmo antes de receberem orientações, a Undime e o Consed, que congregam respectivamente os dirigentes municipais e os estaduais de educação, criaram, com apoio de organizações da sociedade civil, espaços para trocas de experiências entre si.

Alunos de escola estadual de São Paulo; as escolas retomaram as aulas presenciais em agosto - SEED - 3.ago.2021/Divulgação

Nesse sentido, minha atuação como mentora de cerca de 50 secretários municipais e três estaduais de educação é só um complemento. Ajudar a pensar em como assegurar aprendizagem tem sido um constante exercício de humildade, dado o tamanho dos desafios, mas também de percepção de possibilidades concretas.

Tem envolvido sobretudo a constatação de que transformar não é retornar para a pouco equitativa educação de 2019, e sim a oportunidade de voltarmos, agora que as aulas começam a retomar sua normalidade, para uma escola melhor e que ensine, com qualidade, todos os alunos.

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