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Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Descrição de chapéu Fies Enem

Educar para a democracia

Tentar substituir a democracia por projetos autocráticos não leva a lugar seguro

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O segundo semestre já começou e teremos em breve eleições nacionais e estaduais.

Nesse contexto, vários setores se organizam para defender propostas a serem apresentadas aos candidatos e a preferência de cada eleitor começa a ser verbalizada no trabalho, nas escolas e nos momentos de lazer.

Isso poderia se passar em qualquer país e seria um bom momento para conversarmos com as crianças e adolescentes sobre como funcionam as eleições e por que são importantes. No entanto, há no Brasil um ingrediente adicional: há aqui pessoas que, cansadas de questionar as vacinas, transferiram suas teorias conspiratórias para as urnas. E não foi por acaso: narrativas oficiais infelizmente as estimularam e colocaram em questão nossas instituições.

Este cenário torna ainda mais urgente pensar em educação para a democracia, parte importante do aprendizado de valores. O tema é normalmente enfocado em países com bons sistemas educacionais no que chamam de "civic education", ensinada, contudo, de forma bem distinta do que se aprendia nas aulas de Educação Moral e Cívica no antigo ginásio. Trata-se não de decorar mantras, mas de aprender a ter orgulho de sermos quem somos, sem ódio aos que albergam outras identidades, a conviver em sociedade e tomar decisões, ouvindo e respeitando as opiniões divergentes, a exprimir-se com precisão, sem agredir o outro.

Mas tão importante quanto tudo isso é respeitar as instituições democráticas, entendendo seu longo e tortuoso processo de constituição, o que não quer dizer que não devam ser aperfeiçoadas. Longe disso.

Há ainda muito a fazer, mas buscar substituir a democracia por projetos autocráticos, silenciando a imprensa e as oposições, freando o desejo de participação de pessoas anteriormente excluídas, não nos leva a nenhum lugar seguro. A velocidade decisória de modelos autoritários torna mais rápida a debacle civilizatória e não resolve os problemas que afirma solucionar por meio de balas de prata, como bem mostra Larry Diamond em "Ill Winds".

Outra dimensão importante da educação para a democracia é a de aprender a usar diferentes mídias para se informar sobre o que ocorre no mundo para embasar boas decisões como cidadãos. Aqui temos também problemas complicados. No Pisa, os jovens brasileiros de 15 anos não se saíram bem em separar fatos de opiniões e muitas vezes se informam lendo apenas o que membros de suas bolhas postam em redes sociais.

Nesse sentido, nunca foi tão urgente fomentar pensamento crítico e educação midiática. Sem eles, a democracia estará sempre em grave risco, especialmente em crises como a que vivemos.

Charge publicada na página 2 em 26 de abril de 2022 - Benett

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