Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Descrição de chapéu enem universidade

O Sisu e o acesso à universidade no Brasil

É preciso, daqui para a frente, uma política que amplie o acesso ao ensino superior

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Esta semana é marcada, na educação brasileira, pelas inscrições de jovens, e nem tão jovens, que desejam ingressar no ensino superior público por meio do Sisu, o Sistema de Seleção Unificada, uma plataforma que reúne as vagas oferecidas por instituições, em sua maioria, federais, mas também algumas estaduais. O sistema realiza a seleção com base na nota do Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio.

O Sisu foi criado em 2010 pelo governo federal como alternativa aos vestibulares realizados, até então, de forma descentralizada, o que obrigava os candidatos a se locomoverem para locais de prova em diferentes partes do país. De fato, sua implantação, associada ao Prouni, ao Fies e às cotas, possibilitou uma forte (embora insuficiente) expansão e diversidade no acesso ao ensino superior.

Há um mito no Brasil, repetido por um ex-ministro da Educação, de que todos estariam indo para as universidades e quase ninguém para o ensino técnico. Infelizmente, a realidade é diferente: somente 20% dos adultos de 24 a 35 anos concluem o ensino superior, e, de fato, menos de 10% cursam ensino médio técnico.

Há insuficiência nas duas trajetórias de formação, e, em tempos de revolução digital, não ter uma formação sólida nos fragiliza na possibilidade de um desenvolvimento mais inclusivo e numa inserção competitiva no cenário internacional. Isso sem falar na igualmente fragilizada possibilidade do exercício de uma cidadania ativa e informada.

Com o prolongado fechamento das escolas e a ainda baixa conectividade, houve prejuízos claros à possibilidade de ampliação do acesso ao ensino superior. Muitos jovens acabaram abandonando o ensino médio em busca de trabalho precarizado e outros simplesmente se desengajaram de seus estudos ou se consideraram despreparados para fazer o Enem.

É importante lembrar que tivemos, nas últimas edições, o mais baixo índice de inscritos e de presença dos últimos tempos. Além disso, ao negar isenção a participantes que, na edição anterior, por temor à Covid, não compareceram, mesmo que a Justiça tenha derrubado posteriormente a insensível decisão do ministro de então, contribuiu-se para uma importante redução nas inscrições.

Será muito importante, daqui para a frente, ter uma política forte de ampliação do acesso ao ensino superior e, ao mesmo tempo, um esforço nacional para melhorar a qualidade do ensino médio, recompondo as perdas de aprendizagem no período e avançando em direção a uma didática mais contemporânea, que prepare os jovens para o ensino superior, para o mundo do trabalho e para a cidadania, em suma, para a vida no século 21.

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