Na hipótese de que um dia todos saiam do poder, e para aproveitar os últimos vestígios de sua, digamos, celebridade, imagine-se um reality show do tipo o das Kardashians com eles. "Os Bolsonaros". Estrelando, óbvio, aquele que deu origem à série e seus herdeiros mais famosos, 01, 02 e 03. Ao 04, o novinho, falta biografia para integrar o elenco —apesar  do namoro com a filha do vizinho miliciano, sempre uma emoção.

Assim como Kim, Kourtney e Khloé revelam suas rotinas de compras e tratamentos de beleza para os telespectadores, conheceríamos momentos da intimidade do clã. Eles brincando de polícia e ladrão
(participação especial de alguns moleques da vizinhança que nunca mais seriam vistos). Fazendo concurso de quem tem o muque maior. Ou a cara de mais malvadão. Ou o que grita mais alto. Ou o que anda com o segurança mais forte. O papai mais bonito é empate técnico.

Como é de praxe nos realities, com as câmeras neles 24 horas, os Bolsonaros acabariam por mostrar mais que o recomendado. Menos 01, o arisco, que conta com consultoria especializada em chá de sumiço.

Comenta-se que, filmado no banho, 03 não teria muito a esconder. No já antológico debate de ideias que travou com o deputado Frota, ficou no ar que uma agressividade tão exagerada devia esconder um recalquezinho. O povo é mau, faz cada insinuação. Alheio a tudo, 02 se manteria nas letras, mezzo inspirado, mezzo desvairado. “Estou preparado! Eles não tomarão o Brasil para o Foro de SP.”

Assim como as Kardashians se divertem na Versace, os Bolsonaros se entreteriam em tours pela Taurus.

O 03 faria outra daquelas fotos de perfil de que ele gosta, cercado de fuzis e empunhando o maior de todos. Orgulhoso, o pai providenciaria um selfie com a prole para mandar ao seu príncipe das Arábias.

Visite nossas praias, nem têm tanto óleo assim. Aproveite para aumentar seu harém. Já o novo presidente argentino receberia uma arminha com a legenda entendida em qualquer língua: kkkkkk. 

Nem nos pitis “Os Bolsonaros”, o reality, ficaria atrás das Kardashians. Chiliquentos que só eles, os quatro passariam brigando, ameaçando, vou cortar isso, não vou renovar aquilo, quem não se enquadrar vai tomar etc., todo o monte de bravatas que despejaram em seus pouco saudosos anos de vida pública. Mas, enquanto eles continuam lá, a gente segue aqui, só dando uma espiadinha na casa. A casa 58.