Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.
Bolsonaro na cena do crime
Ou fugitivo da Flórida conspirou para um golpe de Estado ou prevaricou
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Qualquer coisa que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) diga ou deixe de dizer depois da entrevista que deu à revista Veja não anula o fato principal de que ele posicionou o fugitivo da Flórida em lugar de destaque na cena do crime. No dia 9 de dezembro, Do Val esteve numa reunião com Bolsonaro e com o ex-deputado Daniel Silveira em que foi tramado um golpe contra a democracia e o Estado de Direito.
Se tudo desse certo, o plano consistiria em prender o ministro do STF Alexandre de Moraes, invalidar o resultado da eleição, impedir a posse de Lula e manter Bolsonaro no poder. Do Val revela o complô com a maior tranquilidade na entrevista, como pode ser verificado no áudio divulgado por Veja.
Não são declarações aleatórias. O senador oferece detalhes sobre a participação do Gabinete de Segurança Institucional. Caso topasse a empreitada golpista, Do Val seria encarregado de obter alguma declaração comprometedora do ministro Alexandre de Moraes, gravando-a de forma clandestina.
Para tal missão, seria equipado pelos arapongas do GSI do general Augusto Heleno. A tramoia sinistra faz parte do mesmo enredo que começou com os acampamentos em frente aos quartéis e terminou (aparentemente) com a explosão terrorista de 8 de janeiro.
Diante da repercussão da entrevista, o senador adotou a técnica manjada e previsível de confundir e misturar versões como se fosse um trapalhão. Agora não sabe nem dizer ao certo onde a reunião ocorreu: se no Alvorada, no Jaburu ou no Torto.
A barafunda mental não é crível e, mais importante, as imprecisões e contradições das falas de Do Val não eliminam a questão essencial de que Bolsonaro foi artífice do plano golpista ou, no mínimo, soube da trama e nada fez para impedi-la. Portanto, das duas uma: ou cometeu o crime de conspirar para dar um golpe de Estado ou prevaricou. Ambos são crimes e aproximam Bolsonaro, cada vez mais, da hora de prestar contas com a Justiça.
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