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Coluna é assinada pelo jornalista e tradutor Daniel de Mesquita Benevides.

Das pernas de Marilyn aos surtos de Fitzgerald, a saga do whisky sour

Drinque aparece no filme clássico 'O Pecado Mora ao Lado' e na amizade entre Fitzgerald e Hemingway

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São Paulo

O verão é escaldante em Nova York. Marilyn Monroe, naturalmente, guarda as calcinhas na geladeira. Quem nunca? Quando sai à rua, refresca as pernas na grade de ventilação do metrô, deixando que o vento do subsolo levante seu vestido branco. Seu sorriso de prazer, entre o inocente e o coquete, traz o espectador para dentro da cena, a qual nunca esquecerá.

Quando a vê pela primeira vez, seu pobre vizinho, um editor de livros, sozinho depois que a esposa viaja com o filho, começa a gaguejar. Aquela ondulante aura erótica é muito para ele.

Marilyn Monroe em cena de "O Pecado Mora ao Lado", dirigido por Billy Wilder em 1955 - Divulgação

A cabeça gira como num desenho animado. O pecado veio morar ao lado. O que fazer? Como resistir? O personagem do filme de 1955, vivido por Tom Ewell, quase enlouquece. Suas mãos perdem o controle e, numa cena engraçadíssima, prende o dedo num gargalo de champanhe.

Ewell apela para os coquetéis como um refresco para o calor e o desejo torturante. Sua secretária liga para saber se está se alimentando direito. A resposta: "É claro. Hoje no café da manhã comi um sanduíche de pasta de amendoim e tomei dois whisky sours."

Um remédio para Fitzgerald

Scott Fitzgerald já era um escritor famoso quando conheceu Hemingway em Paris, no Dingo Bar, nos anos 1920. O autor de "O Grande Gatsby" bebia champanhe despreocupadamente.

De repente, seu rosto, belo como o de uma moça, na descrição que Hemingway faz em "Paris é uma Festa", ficou branco como cera, uma máscara da morte. E a cabeça tombou na mesa.

Seus amigos garantiram ao futuro Nobel de literatura que aquilo era normal, e puseram Fitzgerald num táxi. Dias depois, Scott propôs ao jovem Ernest que fossem a Lyon para buscar o carro de sua esposa Zelda, que o largara lá. A viagem teve mil percalços, e o pior deles não foi voltarem a Paris sob chuva no carro sem capô.

Depois de tomarem algumas garrafas de vinho numa estalagem, Fitzgerald, que era hipocondríaco, achou que estava tendo uma congestão pulmonar e ficou extremamente agitado.

Hemingway, mais forte para a bebida, levou-o ao quarto e garantiu que sabia o remédio certo para a doença.

Nada mais era que uísque, limonada e água Perrier. Ou seja, uma versão mais caseira do whisky sour, parecida com o que os antigos marinheiros bebiam contra o escorbuto (com rum no lugar do uísque).

De acordo com "Paris é uma Festa", tomaram uns três cada um, Fitzgerald se acalmou e ainda desceram para beber mais vinho, direto no gargalo. A "febre" passara.

*

Whisky sour

Ingredientes

  • 60 ml de bourbon
  • 30 ml de suco de limão siciliano
  • 15 ml de xarope de açúcar (duas de açúcar para uma de água)
  • 15 ml de clara de ovo
  • 3 gotas de Angostura

Passo a passo
Bata os quatro primeiros ingredientes com gelo numa coqueteleira. Coe para um copo old-fashioned com gelo. Coloque uma fatia de limão siciliano e pingue a Angostura.

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