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Coluna é assinada pelo jornalista e tradutor Daniel de Mesquita Benevides.

Drinque Mai Tai passa por ataque a Pearl Harbor e filme com Elvis Presley

À base de rum, coquetel se popularizou com os olhares voltados para o Havaí durante a Segunda Guerra

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Pearl Harbour. A simples menção do nome evoca explosões estupendas, aviões em mergulhos suicidas e pessoas correndo, desnorteadas. A base americana no Havaí, bombardeada pelos kamikazes, marcou a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial. E entrou para o inconsciente coletivo através dos filmes que inspirou.

É uma história trágica, que tem, porém, um lado ensolarado. Foi a partir das batalhas nas ilhas do Pacífico sul que o interesse pelas culturas exóticas do Havaí, Taiti e Filipinas se intensificou.

Soldados voltavam para casa com ferimentos, traumas, colares de flores e a imaginação inflamada por luaus e hula-hulas. Era a combinação perfeita do inferno e do paraíso.

Já antes, nos anos 1930, dois empresários disputavam na Califórnia a clientela com seus restaurantes de comida polinésia e drinques colorido à base de rum. Os ambientes eram decorados com flores tropicais, tochas flamejantes e figuras da cultura maôri, gravadas na madeira.

Cena de "Feitiço Havaiano", com Elvis Presley - Divulgação

Nessa guerra etílica, Victor Bergeron, dono do Trader Vic's, e Ernest Beaumont-Gantt, chefão do Don the Beachcomber 's, usavam receitas secretas, que nem mesmo os bartenders conheciam —os ingredientes vinham em recipientes sem rótulo.

O primeiro, mais esperto, saiu ganhando. O fim da guerra estava próximo. Ele iria receber um casal vindo do Taiti e queria impressioná-los com uma nova mistura.

Diz a lenda que ao primeiro gole exclamaram Mai Tai - Roa Aé!, que em taitiano quer dizer "Fora deste mundo - o melhor!". Devidamente batizado, o coquetel seria o mais famoso nesse estilo, que depois chamariam de Tiki, Exotica e Lounge, em suas muitas variantes.

Bergeron levou o Mai Tai para o Havaí, origem imaginária do drinque, e o resto se fez sozinho. A classe média americana estava em ascensão, assim como o turismo pelas ilhas tropicais. O escapismo tinha endereço nas areias pacíficas e sua própria carta de coquetéis. Era, literalmente, a nova onda. "O que tu sonhares". Daí para o cinema foi um pulo —ou um gole.

Em 1961, Elvis Presley (que faria 85 anos em 8 de janeiro) estrelou "Feitiço Havaiano", no papel do herdeiro de uma exportadora de abacaxis que prefere a companhia de seus amigos nativos —pescadores, surfistas e músicos— a seguir a carreira do pai. A mãe não se conforma e ainda reprova o namoro do rapaz com uma havaiana deslumbrante de olhos azuis.

Muitos Mai Tais são consumidos nessa comédia/musical, em que Elvis ajusta seus requebros às ondulações das dançarinas em suas hipnóticas pa'us. Chega a tocar um ukulele (primo do nosso cavaquinho). Quando canta, é acompanhado por coros que lembram o vento nas palmeiras. Há quebra-quebras, confusões românticas, piadas inocentes.

Tudo exala um kitsch ingênuo, levemente adocicado, como o próprio coquetel e suas frutas, um sugestivo diorama alcoólico. De fato, algo fora deste mundo.

​MAI TAI

Ingredientes

  • 30 ml de rum branco
  • 30 ml de rum escuro
  • 15 ml de licor de laranja
  • 15 ml de xarope de amêndoa
  • 20 ml de suco de limão
  • 10 ml de xarope simples (2 partes de açúcar e uma de água)

Passo a passo
Bata todos os ingredientes numa coqueteleira com gelo. Coe para um copo double old-fashioned ou um copo tiki com gelo moído. Enfeite com uma fatia de limão, um ramo de hortelã, um cubo de abacaxi e uma cereja marrasquino.

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