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Descrição de chapéu Natal

Como Jesus Cristo votaria?

Eu aposto no Jesus doce; vote desse jeito e o ódio desaparece

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Apenas a insanidade de um país ganha espaço na imprensa internacional. O fato de a imensa maioria das pessoas, tanto no Brasil como nos EUA, aparentemente ser razoavelmente equilibrada não chega a ser uma notícia interessante.

Nós, nos EUA, ouvimos falar de loucuras brasileiras, como pular Carnaval com o maior entusiasmo. Anos atrás, alguns amigos queridos em São Paulo me levaram para uma noite de samba ensandecido numa quadra de basquete de um colégio. Um charme! Ouvimos falar de loucuras americanas, como massacres ensandecidos cometidos em escolas e shopping centers com armas militares. Muito menos charmoso.

As eleições brasileiras e as nossas estão trazendo à tona insanidades que são dignas de virar notícia. O fato de Michelle Bolsonaro ter acusado Lula de adorar o demônio e de o próprio Lula ter respondido que o marido dela, Jair, é o possuído pelo demônio foi noticiado pelo Washington Post.

Os apelos odiosos lançados a uma minoria para fazê-la voltar-se contra uma outra é algo que contagia os dois países. Michelle apela à terça parte dos brasileiros que se tornaram protestantes evangélicos. Para isso, ela se dispõe a implicitamente atacar a tradição afro-brasileira. Pensei que a Igreja Católica tivesse feito as pazes com essa tradição.

Michelle Bolsonaro participa de culto evangélico na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte - 7.ago.2022/O Tempo

Mas espere aí: evangélicos. Por motivos que não compreendo, os cristãos menos tolerantes no Brasil e nos EUA são aqueles que alegam perguntar diariamente: "O que Jesus faria?". Nos EUA, alguns candidatos republicanos que disputarão as eleições de novembro são abertamente antissemitas. Adivinhe que tipo de cristão estão tentando agradar. Não os católicos americanos, nem os chamados protestantes "convencionais", não os evangélicos, como os episcopalianos —como eu—, os quais abriram mão desse ódio particular há muito tempo. Bem, talvez não há tanto tempo assim.

É claro que as pessoas precisam do transcendental, que confere sentido às nossas vidas, seja isso a família, o Fluminense, o sacrifício de galinhas ou a manutenção de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. É a identidade das pessoas. Os problemas políticos acontecem quando a identidade vira ódio das pessoas que não têm essa identidade. Na Irlanda, são os católicos contra os protestantes.

Como Jesus votaria então? Falando em erudição bíblica séria, na realidade há dois tipos de Jesus —o Jesus doce do Sermão da Montanha e o Jesus intransigente de Mateus 23:33: "Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno?".

Eu aposto no Jesus doce. Vote desse jeito e o ódio desaparece, as armas se calam.

Tradução de Clara Allain

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