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A ética protestante está errada

Muitos acreditam que o espírito do 'capitalismo' moderno veio do protestantismo

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Algumas ideias da história econômica estão gravadas na mente, embora sejam totalmente erradas. A ideia de que as riquezas do Ocidente vieram da escravidão, por exemplo. Ou que vieram do imperialismo. Ou que são os recursos que tornam um lugar rico.

Ou que Robin Hood e seus alegres homens mostram que as coisas não eram tão ruins nos velhos tempos.

Ou que Marx, antes da profissionalização da história, tinha acertado quase tudo –que, por exemplo, as aldeias medievais eram o comunismo primitivo, ou que o acúmulo original de capital veio da pirataria, ou que o enriquecimento foi construído extraindo a mais-valia da classe trabalhadora britânica. E assim por diante.

Existem muitas dessas ideias, incomodamente muitas para nós, historiadores econômicos. O trabalho útil do historiador econômico é testar quais delas estão erradas e quais estão certas. Pode apostar que a maior parte da história econômica que você tem na cabeça –e acredite, você tem muito dela, quer o perceba quer não– está totalmente errada.

Martinho Lutero - Wikimedia Commons

Por exemplo, muitos brasileiros acreditam na afirmação feita em 1905 pelo grande sociólogo e historiador alemão Max Weber (1864-1920) de que o espírito do "capitalismo" moderno veio do protestantismo.

Seu livro "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" é uma das grandes obras do século 20. Todos deveriam lê-la, para ver como uma hipótese, embora errada, pode parecer tão convincente que fica gravada na mente. Weber fez muitas afirmações corretas, como as de que não houve aumento da ganância e que uma espécie de "capitalismo" é antiga. Mas seu ponto principal é que sem o protestantismo – em particular o calvinismo de seus conterrâneos do norte da Alemanha – o mundo moderno, economicamente falando, não teria existido.

A hipótese está totalmente errada, embora seja reconfortante para quem procura uma explicação simples para o fato de o Brasil não ser tão rico quanto, digamos, a Alemanha. No entanto, o sul da Alemanha, católico até o âmago, é hoje a parte mais rica da Alemanha. Um terço dos empresários de Amsterdã na Era de Ouro eram refugiados católicos espanhóis. Os católicos trabalham tão arduamente quanto os calvinistas, embora reconhecidamente aproveitem mais a vida.

Portanto, o protestantismo evangélico não é a solução econômica para o Brasil. O bom senso é.

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