Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

Michael Polanyi e a ordem espontânea

O planejamento explícito, como propõem nossos mestres para a economia, não funciona

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Há muito tempo admiro Michael Polanyi (1891-1976), um químico húngaro-britânico logo abaixo do nível do Prêmio Nobel –seu filho o ganhou.

Diferentemente de seu irmão mais velho, Karl, que foi um socialista por toda a vida, Michael Polanyi era um liberal. Foi membro fundador, em 1947, da Sociedade Mont-Pèlerin, organização liberal irracionalmente caluniada pelos socialistas.

Se você quiser entender como a ciência realmente funciona, leia o magistral "Personal Knowledge" (1958), de Polanyi. Como químico, Polanyi gostava de parábolas físicas.

Você se mantém sobre sua bicicleta não por equilíbrio estacionário e absoluto e certamente não calculando as forças físicas e resolvendo as equações. Não, quando você começa a cair, você dirige na direção da queda e, portanto, a força centrífuga o empurra para a posição vertical. E assim você vai, cambaleando um pouquinho pela rua.

Polanyi chamou tais procedimentos de "conhecimento tácito". A ciência depende deles. Você não pode escrever um método de ciência e aplicá-lo centralmente. Você também não pode fazê-lo na evolução da música, da linguagem ou dos costumes sociais. Eles são, como declarou a figura do Iluminismo escocês Adam Ferguson, "o resultado da ação humana, mas não a execução de algum projeto humano". A economia.

Da mesma forma, em 1940, Michael Polanyi propôs o problema do saco de batatas. Como você coloca o máximo de batatas possível em um saco? Você conhece o conhecimento tácito. Sacuda um pouco o saco e as batatas se acomodarão nas brechas. Em seguida, coloque mais. Sacuda novamente e repita.

Batatas à venda em mercado
Batatas à venda em mercado - Rushi Shah na Unsplash

O que certamente não funcionará é o planejamento explícito, como propõem nossos mestres para a economia. "Nenhuma pessoa sã tentará melhorar esse resultado planejando antecipadamente a posição das batatas no saco." "Não tenho a menor dúvida de que, mesmo utilizando todos os matemáticos aplicados do país e um exército de projetistas sob suas ordens, o planejador não conseguirá encher o saco completamente." Sacuda e encha, e uma ordem espontânea aparecerá.

O mesmo vale para a economia, ou ciência, ou música, ou linguagem, ou evolução natural. "A maneira como as batatas se acomodam para encher um saco tem analogias óbvias com a corrida competitiva dos indivíduos."

Uma única árvore se planeja. Uma floresta não. Planejar parece racional. Muitas vezes é louco.

Leia Polanyi, não Karl.

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