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Entenda o porquê de montadoras sofrerem mais com a falta de semicondutores

Carros exigem peças que resistam a um permanente uso severo

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A situação das montadoras em meio à crise dos semicondutores é mais desconfortável do que a de fabricantes de equipamentos eletrônicos. O problema começa nas especificidades de um automóvel, cujas peças são submetidas ao uso severo desde o momento em que o motor é ligado.

“Temos questões de resistência mecânica, amplitude de temperatura, aplicações que envolvem a segurança de pessoas em veículos que estão cada vez mais automatizados”, diz o engenheiro Allan Santos, gerente de treinamento da IFM Electronic Brasil. A empresa, que produz sensores para o setor automotivo, tem encontrado dificuldades no fornecimento.

Ou seja, o semicondutor que está em uma geladeira é bem diferente dos embarcados nos carros. O custo de produção é maior, e montadoras não são as melhores parceiras na hora de negociar preços.

Santos lembra que, no começo da pandemia de Covid-19, a indústria automotiva global parou em meio a incertezas sobre o futuro e demorou a voltar. Enquanto isso, fabricantes de smartphones e computadores tiveram que acelerar diante da explosão na demanda por gadgets.

O serviço de delivery para equipamentos eletrônicos estava há tempos consolidado, enquanto revendedores de veículos ainda estabeleciam estratégias para comercializar carros de forma online. O cenário não estimulava o aumento de produção.

Então veio a alta da procura por automóveis, estimulada pelo distanciamento social. Uma indústria adaptada ao “just in time” viu que a falta de peças em estoque seria um problema.

Quando voltou a fazer encomendas às fabricantes asiáticas de semicondutores, as montadoras e seus fornecedores se viram no fim da fila e com mais dificuldade para negociar. Os problemas continuam e têm feito as linhas de montagem serem paralisadas mundo afora.

Esses componentes eletrônicos estão presentes no sistema de freio, nos airbags, no gerenciamento do motor, no equipamento multimídia e em diversas outras partes de um carro.

É possível afirmar que há mais semicondutores em um automóvel compacto moderno do que em todos os eletrodomésticos presentes em uma casa de cinco cômodos, incluindo os smartphones.

A solução aparentemente simples seria investir em novas fábricas para atender ao mercado, mas os custos envolvidos são pouco atraentes tanto para quem já atua no setor como para possíveis entrantes.

“Uma nova fábrica de semicondutores leva ao menos dois anos para ficar pronta e usa máquinas muito específicas, mínimas variações de temperatura comprometem todo o processo”, afirma Santos.

Não há previsibilidade, e as montadoras e seus fornecedores trabalham com monitoramento permanente da situação em um contínuo gabinete de crise.

O resultado da escassez de semicondutores aparece nos números de produção e venda.

Em agosto, o estoque de veículos leves e pesados no Brasil caiu para 76,4 mil unidades, o que representa 13 dias de vendas.

Sem carros para atender à demanda, os emplacamentos no último mês tiveram queda de 5,8% na comparação com o mesmo período de 2020.

Já a produção de 164 mil veículos representa uma redução de 21,9% na comparação com agosto de 2020.

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