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Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

O chefe militar garante a lei

Ainda há tempo para revelar o que aconteceu em ação policial e do Exército que matou oito no Rio

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Em novembro passado realizou-se uma operação conjunta de tropas do Exército e da polícia do Rio no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Onze pessoas foram baleadas e oito morreram, inclusive um padeiro de 19 anos que passava de moto pela área. Até hoje há um tiroteio de versões, mas não se conhecem os depoimentos dos 17 soldados que participaram da ação. Má ideia, mas ainda há tempo para que a patrulha revele o que aconteceu.

Situações desse tipo envolvem soldados, cabos, sargentos e, no máximo, tenentes ou capitães. Acima deles há coronéis e generais, sem os quais é impossível estimular silêncios.

Fala-se muito no que teria sido o revanchismo da Comissão da Verdade. Tudo bem, pode-se olhar para um caso ocorrido em 1971 no 1º Batalhão de Infantaria Blindada.

Enterro após ação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), em novembro de 2017 - Pablo Jacob - 12.nov.2017/Agência O Globo

Chegou ao conhecimento do bispo da cidade, d. Waldyr Calheiros, que numa investigação de tráfico de drogas, 15 soldados foram torturados e quatro morreram. Uma sindicância teatral deu em nada e os mortos foram classificados como desertores. D. Waldyr denunciou o caso, e o comandante da brigada, general Walter Pires, reabriu a investigação. Um ano depois o tenente-coronel que comandava o batalhão, um capitão, um tenente, três sargentos, dois cabos e dois policiais civis foram condenados pela Justiça Militar a penas que somaram 473 anos de prisão.

O capitão defendeu-se dizendo que, no ambiente patriótico da época, cumpriu ordens: "Ou são todos responsáveis ou ninguém é responsável".

Walter Pires, que mais tarde foi ministro do Exército.

O que o tenente-coronel e o capitão fizeram cabia na moldura do que se fazia nos DOI-Codi. Nessa ponta da questão, em 2013, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI de São Paulo, disse à Comissão da Verdade: "Quem deveria estar aqui é o Exército brasileiro. Não eu". Ustra jamais foi repreendido em sua carreira militar, e ao tempo em que comandou o DOI era um simples major.

 

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