Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.
Para Bolsonaro, agora é populismo ou morte
Diante da perda de apoio, presidente pode querer aumentar a ajuda aos pobres
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Jair Bolsonaro segue entrincheirado nos cerca de 30% dos brasileiros que ainda o escutam. Mas a onda política, econômica e sanitária em formação deve engolir o presidente.
A curva ascendente de infecções pela Covid-19 projeta 35 mil casos diários daqui a um mês, o que pode representar cerca de 2.000 mortes diárias se o Brasil continuar insistindo em um isolamento meia-boca.
As UTIs do SUS devem lotar em muitos estados antes de junho. Os leitos privados remanescentes provavelmente estarão sendo disputados na Justiça ou requisitados às pressas por estados e municípios.
Em algumas semanas, cenas tristes e grotescas como as de Manaus serão comuns em estados mais pobres e no Rio de Janeiro. O cenário remeterá à política contra o isolamento de Jair Bolsonaro e à sua “gripezinha”.
Até lá, a economia terá afundado muito mais, concretizando a profecia de um tombo histórico no setor de serviços, onde estão dois terços dos empregos.
Talvez comece a ficar claro também que Bolsonaro colocou o Brasil no pior dos mundos: nem fechamos, nem abrimos. Isso manterá o vírus entre nós por muito mais tempo, espalhando-se em ondas paralisantes por aqui enquanto o resto do mundo reabre.
Com as investigações do caso Moro/PF/filhos avançando, Bolsonaro precisará cada vez mais do fisiológico centrão, que já deve estar pensando: compensa mamar em um governo tão quebrado e moribundo?
Em sua última pesquisa, o Datafolha mostrou que a popularidade de Bolsonaro despencou 11 pontos entre os que têm renda familiar acima de cinco salários mínimos (10% dos brasileiros). Mas ele ganhou oito pontos nos que ganham até dois mínimos (60% da população).
O aumento do apoio entre os mais pobres coincidiu com o início do pagamento da ajuda de R$ 600, por três meses, aos afetados pela crise. Para outros 11,3 milhões no Bolsa Família, o valor usual médio de R$ 190 mensais saltou a R$ 1.200.
É triste dizer isso, mas milhões de brasileiros nunca viram tanto dinheiro na vida.
Sob o pretexto verdadeiro de que os pobres não terão como sobreviver sem a ajuda federal, pode restar ao presidente enveredar por um populismo em cima dessa miséria nacional —agora devidamente cadastrada na Caixa Econômica Federal.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters